São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2004

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FERNANDO RODRIGUES

Erro sobre erro

BRASÍLIA - Nada como um erro para tentar apagar o outro. A CPI do Banestado interromperá todas as investigações e análises de documentos protegidos por sigilo que foram obtidos por meio de requerimentos feitos no atacado, em bloco.
Já havia sido uma violência quebrar sigilos de maneira generalizada de mais de mil pessoas. Será uma asnice maior jogar tudo no lixo. Essas informações já vazaram para Brasília inteira. Estão à disposição dos interessados de plantão. Gente inocente pode ter seu nome enlameado. Gatunos podem se salvar.
Estrago feito, a CPI do Banestado ficou com a obrigação de dizer quem cometeu irregularidade e quem está limpo. Fazer menos é prova de covardia e profunda incompetência.
É concorrência desleal com o Casseta & Planeta prometer que os documentos sigilosos ficarão, agora, lacrados numa sala do Congresso.
A CPI -e talvez as torcidas do Corinthians e do Flamengo- tem em seu poder relatos de todas as operações de envio de dinheiro para fora do país por meio de contas CC5, de não-residentes, no período que vai de 1996 a 2002. Essas remessas não são ilegais, exceto se não forem declaradas à Receita Federal ou se a origem do dinheiro não for conhecida.
Para checar se havia ou não irregularidade, a CPI também havia requisitado da Receita Federal as declarações de Imposto de Renda dos responsáveis pelas remessas de dinheiro ao exterior. Basta verificar se as operações foram declaradas. Com algum esforço -eis aí um problema-, logo se conheceria o nome de todos aqueles que estão limpos e dos que estão sujos -eis aí um problemaço.
Deixar tudo como está, com os documentos lacrados (sic) numa sala do Congresso, contribuirá um pouco mais para a desmoralização das CPIs. Mais uma obra petista.


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