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FERNANDO RODRIGUES
Erro sobre erro
BRASÍLIA - Nada como um erro para tentar apagar o outro. A CPI do Banestado interromperá todas as investigações e análises de documentos
protegidos por sigilo que foram obtidos por meio de requerimentos feitos
no atacado, em bloco.
Já havia sido uma violência quebrar sigilos de maneira generalizada
de mais de mil pessoas. Será uma asnice maior jogar tudo no lixo. Essas
informações já vazaram para Brasília inteira. Estão à disposição dos interessados de plantão. Gente inocente
pode ter seu nome enlameado. Gatunos podem se salvar.
Estrago feito, a CPI do Banestado
ficou com a obrigação de dizer quem
cometeu irregularidade e quem está
limpo. Fazer menos é prova de covardia e profunda incompetência.
É concorrência desleal com o Casseta & Planeta prometer que os documentos sigilosos ficarão, agora, lacrados numa sala do Congresso.
A CPI -e talvez as torcidas do Corinthians e do Flamengo- tem em
seu poder relatos de todas as operações de envio de dinheiro para fora
do país por meio de contas CC5, de
não-residentes, no período que vai de
1996 a 2002. Essas remessas não são
ilegais, exceto se não forem declaradas à Receita Federal ou se a origem
do dinheiro não for conhecida.
Para checar se havia ou não irregularidade, a CPI também havia requisitado da Receita Federal as declarações de Imposto de Renda dos responsáveis pelas remessas de dinheiro
ao exterior. Basta verificar se as operações foram declaradas. Com algum
esforço -eis aí um problema-, logo
se conheceria o nome de todos aqueles que estão limpos e dos que estão
sujos -eis aí um problemaço.
Deixar tudo como está, com os documentos lacrados (sic) numa sala
do Congresso, contribuirá um pouco
mais para a desmoralização das
CPIs. Mais uma obra petista.
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