São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Independência
"A profissão que mais necessita de independência não é a do juiz nem a do jornalista. O Judiciário e a mídia sempre baixaram a cabeça para a ditadura no Brasil, só restando os advogados a defender as vítimas do regime. Entretanto a OAB existe há mais de século, sempre com a atribuição de fiscalizar o exercício da profissão, e ninguém jamais a acusou de violar a independência do advogado. É inexplicável a "grita" que a mídia vem promovendo contra o projeto que cria o Conselho Federal de Jornalismo, reivindicado pelos próprios jornalistas através da Fenaj. Quem vai punir o jornalista que promove desinformação? Essa campanha contra o CFJ deveria vir sob o título "Editorial" ou, mais apropriado ainda, "Matéria paga"."
Dimitri Brandi de Abreu, procurador federal (São Paulo, SP)

UniEsquinas
"Pobre argumento" é o que utiliza Clóvis Rossi para expressar sua indignação com a criação do Conselho Federal de Jornalismo (Opinião, pág. A2, 11/8). A OAB, ao instituir o exame para a inscrição em seus quadros, faz, sim, defesa da sociedade, pois, diante da enxurrada de formados que invade o mercado a cada ano, evita que profissionais despreparados prejudiquem direitos da população. E, se há uma má preparação de milhares de formados, isso ocorre pelo fato de o MEC não seguir as recomendações da criticada OAB contra a abertura de novas faculdades "UniEsquinas"."
Fábio Yamasaki (Curitiba, PR)

Radiobrás
"A propósito da reportagem "Agência Brasil "esquece" outro lado" (Brasil, pág. A9, 13/8), a Radiobrás agradece o alerta e admite que, de fato, deixou de noticiar na Agência Brasil, com a agilidade necessária, algumas das críticas que entidades representativas na sociedade brasileira dirigiram ao projeto de lei que cria o Conselho Federal de Jornalismo. Mas não é verdade que a Agência Brasil tenha simplesmente se omitido no dever de ouvir os outros lados. Diferentemente do que informa a reportagem assinada por Frederico Vasconcelos, a primeira declaração crítica à criação do CFJ foi registrada pela Agência Brasil no dia 10 de agosto, quando foi divulgada a opinião do presidente do Superior Tribunal de Justiça, Edson Vidigal. No mesmo dia 10, foi publicada a declaração do presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, de que não seria aprovado "projeto que censure a imprensa". De dois dias para cá, várias notícias da Agência Brasil têm registrado visões contrárias à criação do Conselho Federal de Jornalismo. Lembro ainda que as emissoras de televisão e rádio da Radiobrás informaram com mais agilidade as restrições que várias entidades opõem ao CFJ. Portanto não é correta a afirmação de que, "se dependesse apenas da informação do governo, a sociedade não saberia que várias entidades condenaram o projeto"."
José Roberto Garcez, diretor de jornalismo da Radiobrás (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Frederico Vasconcelos - É saudável que a Radiobrás admita o desequilíbrio, mas o alerta do ministro Edson Vidigal -divulgado pela Agência Brasil no pé de notícia com opinião do ministro Gushiken- não foi "a primeira declaração crítica à criação do conselho", como afirma o missivista. Representantes do Judiciário, do Ministério Público e de entidades da imprensa já haviam condenado o projeto muito antes.

Deprimente
"Para quem tem esperança nos políticos, são deprimentes algumas notícias publicadas no caderno Brasil em 12/8: a) traição dos candidatos a vereador na coligação de Luiza Erundina; b) indícios de sepultamento da CPI do Banestado (para que todos se salvem?); c) Collor de Mello, não sem razão, identificando o tesoureiro lulista Delúbio Soares com o seu PC Farias; d) a idéia petista-fascista da criação do tal Conselho Federal de Jornalismo. Fiel ao estilo de governos autoritários que antes combatia, o PT de Lula mostra sua verdadeira face. Collor mandou invadir apenas um jornal, já o Conselho Federal de Jornalismo invadiria todos os que, a seu juízo, merecessem a punição. Como obreiro do mal, o PT é muito competente."
Antonio Carlos de Souza (Mirante do Paranapanema, SP)

Festa na prisão
"Chega a ser desanimadora a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal julgar inconstitucional a impossibilidade de progressão de regime de pena nos crimes hediondos, pois, apesar de não ser uma lei perfeita, a lei nš 8.072/90 (de crimes hediondos) é uma das poucas do país que permitem uma punição mais efetiva dos crimes violentos e graves que tanto assolam a nossa sociedade. Caso a nossa suprema corte tome essa posição, a sociedade estará muito mais vulnerável à bandidagem, pois grande parte dos assassinos, traficantes, seqüestradores e estupradores que cumprem pena poderão ser colocados imediatamente na rua caso já tenham cumprido um sexto da pena estipulada. As prisões devem estar em festa."
Ednilson Andrade Arraes de Melo (São Paulo, SP)

Folha
"Faz tempo que sou leitor da Folha. Acredito na liberdade de imprensa e de opinião, mas estou decepcionado com a posição do jornal, que penso estar indo além da liberdade de informação. A Folha adotou uma posição de oposição ao governo Lula que não se pode dizer que seja independente. Para confirmar isso, basta ler as reportagens referentes aos repasses federais para municípios e Estados -nas quais se mostra que o Planalto favorece aliados. Mesmo isso sendo verdade, questiono por que a Folha não foi tão zelosa quando FHC era presidente e favorecia Estados aliados. Por que não questiona os repasses estaduais do Estado de São Paulo que favorecem os municípios governistas?"
Alexandre César Lima Diniz (Franca, SP)

Lucros
"Li recentemente em jornal da minha região a ultrajante notícia de que o lucro de apenas três bancos brasileiros correspondeu a 63% dos lucros de 45 grandes empresas. Conforme balanços recém-divulgados, o lucro líquido dos bancos Santander-Banespa, Bradesco e Itaú corresponde a 63% dos lucros de 45 empresas grandes, como Votorantim, Natura, Souza Cruz, Gerdau, Sadia, Marcopolo, Pão de Açúcar, Comgás e Embratel, entre outras. Ora, por isso é que todos sabem ser impossível o governo federal cumprir a promessa de criação de 10 milhões de empregos. É necessário corrigir essa distorção que impede o desenvolvimento acelerado do Brasil. É mais rentável e seguro aplicar no mercado financeiro do que na produção industrial, e assim permanecerá até que algum herói enfrente o poder dos banqueiros. O progresso do país está condicionado à redução da taxa de juros, dos lucros do sistema financeiro e da carga tributária."
Marcos Roberto Boni (Campinas, SP)

Ministro no navio
É lamentável termos de deparar com uma notícia como "Ministro ficará em transatlântico na Grécia" (Brasil, 11/8), a respeito da viagem do ministro Agnelo Queiroz à Grécia. Cada vez mais o nosso atual governo se tem mostrado completamente contraditório em relação ao que dizia na campanha eleitoral. Vendo assim, parece não haver necessidade de campanhas como a do Fome Zero, uma vez que temos recursos abundantes que permitem esses luxos. É para isso que servem os recordes de arrecadação de tributos?"
Caroline Fernandes Pinto (Sorocaba, SP)


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