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Dilma avança
Pesquisa Datafolha mostra que estratégia eleitoral de Lula obtém resultado e pode levar a candidata petista a vencer no primeiro turno
Pesquisa Datafolha publicada
hoje mostra que Dilma Rousseff
abriu considerável vantagem sobre o tucano José Serra. A petista
chega às vésperas do início do horário eleitoral gratuito oito pontos
percentuais à frente de seu maior
rival. Considerando apenas os votos úteis, Dilma estaria hoje a três
pontos de uma conquista no primeiro turno.
Embora o período mais acalorado da campanha esteja por começar, os números traduzem o êxito
da estratégia do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, cujos índices
de popularidade vão se transferindo para sua preferida. A inédita
aprovação presidencial ao fim do
mandato chega a atrair simpatias
-ou pelo menos evitar ataques-
de nomes da oposição.
Questionado no "Jornal Nacional" sobre o ameno tratamento
dispensado a Lula, o ex-governador paulista, em nova tentativa de
desvincular criador e criatura, justificou-se dizendo que o presidente da República não é candidato.
É verdade, mas tem sido um incansável cabo eleitoral, a projetar
nacionalmente a imagem de Dilma e sua identificação com ela.
Repetindo um de seus bordões favoritos, o da metáfora da nação
como família, Lula insiste em fazer de Dilma a "mãe" do crescimento econômico e do Brasil -cabendo a ele próprio, num eco populista, o papel de pai.
Não por acaso, a ascensão da
petista se associa ao aumento do
número de eleitores que tomam
conhecimento de sua proximidade com o presidente. Ser a candidata oficial não significa apenas
receber o apoio de um governante
com boa avaliação e reconhecida
capacidade de comunicação popular. Beneficia-se também do peso da máquina governamental e
do arco de alianças fisiológicas
construído pelo Planalto nos últimos anos.
Por sua vez, a campanha de Serra está longe ser uma obra político-eleitoral admirável. Em meio a
ambiguidades e hesitações, tucanos e democratas se desentendem
e têm dificuldades em aparecer
para o eleitor como desejável alternativa ao lulismo.
Os conflitos internos já se manifestavam anteriormente no próprio âmbito do PSDB, entre Serra e
Aécio Neves, que nutria esperanças de ser o candidato à Presidência. A derrota para o paulista não
gerou apenas mal-estar em alguns
setores da oposição. Também repercutiu de maneira negativa na
campanha estadual. Na expectativa de participar da corrida presidencial, o ex-governador mineiro
demorou a promover o candidato
Antonio Anastasia. Não conseguiu, até aqui, fazer com seu vice o
que Lula fez com Dilma.
Se o quadro em Minas não evoluir de modo mais favorável ao
PSDB, aumentam as chances de a
candidatura petista aproximar-se
de uma vitória no primeiro turno.
Dilma continua crescendo no Nordeste e no Rio, Estado no qual Serra vai de mal a pior, em que pese o
vice carioca de sua chapa -o intrépido deputado Índio da Costa.
Embora seja um candidato mais
preparado e experiente, o tucano
esbarra em problemas de imagem
e em alianças que, além de fracas
e desgastadas, não parecem ser as
de sua predileção. Num momento
em que aumenta a sensação de
bem-estar provocada pelos bons
ventos econômicos, o poder de
inércia do continuísmo parece difícil de ser contido.
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