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Uma semana tranquila
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - A semana termina para o
governo bem melhor do que começou.
Mas essa pseudotraquilidade não é sinal de calmaria definitiva.
Ocorreu apenas o óbvio. Os principais aliados de FHC foram paparicados. Ministros tomaram café da manhã ou almoçaram com deputados e
senadores. O gabinete de ACM atulhou-se de ministros.
Rebeliões de araque foram contidas
com argumentos inconfessáveis. Esse
debate de substância ideológica dinamitou, por exemplo, a tentativa de
PTB e PL de se associarem -iniciativa tão injustamente classificada de
"bloco Ali Babá", só porque teria cerca
de 40 parlamentares.
O problema para FHC é que a conjuntura atual se assemelha a um saco
sem fundo. Já os fundos do governo
são quase zero. Chegará um momento
em que não haverá mais como engabelar os insatisfeitos com novas promessas ou migalhas que sobram do
Orçamento.
O presidente e seu grupo torcem para que esse gargalo não chegue antes
de alguma melhora dos níveis de popularidade do governo tucano. Algo
só possível com uma recuperação da
atividade econômica do país. Vai ser
difícil.
Na semana que vem haverá novo
desgaste. O agricultores endividados,
eufemisticamente chamados de ruralistas (criando a imagem ruim de que
todos os agricultores são devedores, e
não o são), estão a caminho da capital
do país.
É certo que vão levar uma graninha
do governo. E é mais do que evidente
que parte da mídia explicará para os
eleitores que a conta será paga por todos os brasileiros.
Na semana subsequente, chegarão a
Brasília os sem-terra com a sua marcha dos cem mil.
Diante de tudo isso, posso estar enganado, mas a semana que termina
hoje pode ter sido a última tranquila
de FHC por um bom tempo.
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