São Paulo, Sábado, 14 de Agosto de 1999
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Uma semana tranquila

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - A semana termina para o governo bem melhor do que começou. Mas essa pseudotraquilidade não é sinal de calmaria definitiva.
Ocorreu apenas o óbvio. Os principais aliados de FHC foram paparicados. Ministros tomaram café da manhã ou almoçaram com deputados e senadores. O gabinete de ACM atulhou-se de ministros.
Rebeliões de araque foram contidas com argumentos inconfessáveis. Esse debate de substância ideológica dinamitou, por exemplo, a tentativa de PTB e PL de se associarem -iniciativa tão injustamente classificada de "bloco Ali Babá", só porque teria cerca de 40 parlamentares.
O problema para FHC é que a conjuntura atual se assemelha a um saco sem fundo. Já os fundos do governo são quase zero. Chegará um momento em que não haverá mais como engabelar os insatisfeitos com novas promessas ou migalhas que sobram do Orçamento.
O presidente e seu grupo torcem para que esse gargalo não chegue antes de alguma melhora dos níveis de popularidade do governo tucano. Algo só possível com uma recuperação da atividade econômica do país. Vai ser difícil.
Na semana que vem haverá novo desgaste. O agricultores endividados, eufemisticamente chamados de ruralistas (criando a imagem ruim de que todos os agricultores são devedores, e não o são), estão a caminho da capital do país.
É certo que vão levar uma graninha do governo. E é mais do que evidente que parte da mídia explicará para os eleitores que a conta será paga por todos os brasileiros.
Na semana subsequente, chegarão a Brasília os sem-terra com a sua marcha dos cem mil.
Diante de tudo isso, posso estar enganado, mas a semana que termina hoje pode ter sido a última tranquila de FHC por um bom tempo.


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