São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2004

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POLARIZAÇÃO ELEITORAL

A tentativa da prefeita Marta Suplicy e de seus colaboradores de apresentar a candidatura petista à Prefeitura de São Paulo como a única alternativa capaz de evitar uma crise política prejudicial ao país já foi corretamente interpretada como uma reação à evidência de que o candidato José Serra sairia vitorioso caso as eleições ocorressem hoje. De acordo com pesquisa Datafolha publicada no domingo passado o postulante do PSDB não apenas está à frente de sua rival nas intenções de voto para o primeiro turno como venceria o segundo com larga margem.
É certo que esse quadro está sujeito a mudanças, pois pesquisas, como se sabe, refletem momentos do processo eleitoral e não podem ser entendidas como uma antecipação do desenlace. O fato é que hoje a situação é favorável a Serra e isso parece ter feito soar o alarme nas hostes do PT, que confere caráter estratégico à reeleição da prefeita. A eventualidade de o principal Estado do país e sua capital serem comandados pelo PSDB criaria uma circunstância desfavorável aos planos petistas de consolidar uma ampla hegemonia política com vistas a reeleger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006.
É natural, portanto, que, ao constatar as dificuldades, a prefeita se mostre mais agressiva, e quadros federais, como o Ministro da Fazenda, Antonio Palocci, corram em auxílio da candidatura. O que não se justifica é os candidatos partirem para expedientes condenáveis, como a nefasta "tática do medo", da qual o próprio PT, em outros tempos, já foi vítima.
A previsível polarização da campanha paulistana, pelas características políticas que ela encerra, aumenta o risco de que embates com vistas à questão nacional deixem em segundo plano temas locais que verdadeiramente interessam ao eleitor.
É de esperar que os candidatos entendam que não estão -pelo menos ainda- disputando a Presidência da República e que procurem refrear a tentação de recorrer a estratagemas regressivos.


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