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POLARIZAÇÃO ELEITORAL
A tentativa da prefeita Marta
Suplicy e de seus colaboradores
de apresentar a candidatura petista à
Prefeitura de São Paulo como a única
alternativa capaz de evitar uma crise
política prejudicial ao país já foi corretamente interpretada como uma
reação à evidência de que o candidato
José Serra sairia vitorioso caso as eleições ocorressem hoje. De acordo
com pesquisa Datafolha publicada
no domingo passado o postulante
do PSDB não apenas está à frente de
sua rival nas intenções de voto para o
primeiro turno como venceria o segundo com larga margem.
É certo que esse quadro está sujeito
a mudanças, pois pesquisas, como
se sabe, refletem momentos do processo eleitoral e não podem ser entendidas como uma antecipação do
desenlace. O fato é que hoje a situação é favorável a Serra e isso parece
ter feito soar o alarme nas hostes do
PT, que confere caráter estratégico à
reeleição da prefeita. A eventualidade
de o principal Estado do país e sua
capital serem comandados pelo
PSDB criaria uma circunstância desfavorável aos planos petistas de consolidar uma ampla hegemonia política com vistas a reeleger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006.
É natural, portanto, que, ao constatar as dificuldades, a prefeita se mostre mais agressiva, e quadros federais, como o Ministro da Fazenda,
Antonio Palocci, corram em auxílio
da candidatura. O que não se justifica
é os candidatos partirem para expedientes condenáveis, como a nefasta
"tática do medo", da qual o próprio
PT, em outros tempos, já foi vítima.
A previsível polarização da campanha paulistana, pelas características
políticas que ela encerra, aumenta o
risco de que embates com vistas à
questão nacional deixem em segundo plano temas locais que verdadeiramente interessam ao eleitor.
É de esperar que os candidatos entendam que não estão -pelo menos
ainda- disputando a Presidência da
República e que procurem refrear a
tentação de recorrer a estratagemas
regressivos.
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