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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Fumo: até quando?
ESCREVO SOBRE a necessidade
de conter o tabagismo desde
1994. Embora cadente, o número de fumantes ainda é muito
grande. Várias doenças malignas
afetam os fumantes ativos e passivos -os que são obrigados a respirar a fumaça dos primeiros.
O maior prejuízo do tabagismo é
para os que adoecem e sofrem intensamente antes de morrer. Mas
há outras perdas. O cigarro ceifa a
vida de jovens que fazem falta para
o país. Ademais, gera enormes despesas.
Márcia Pinto, pesquisadora do
Instituto Oswaldo Cruz, estima
que o SUS gaste anualmente R$
340 milhões para tratar 32 moléstias causadas pelo hábito de fumar.
Se forem incluídas todas as despesas que a sociedade tem com esses
pacientes, a conta ultrapassa a casa
de R$ 1 bilhão por ano.
Em boa hora, o governador José
Serra enviou para a Assembléia Legislativa um projeto de lei que proíbe fumar em lugares fechados.
É preciso que essa lei pegue.
Lembro-me que, em 1996, o Congresso Nacional aprovou a lei
9.294, que proibia a prática do tabagismo em recinto coletivo, privado ou público, incluindo hospitais
e postos de saúde, salas de aula, bibliotecas, recintos de trabalho coletivo, teatro e cinemas, assim como aeronaves e demais veículos de
transporte coletivo. Infelizmente,
decisões judiciais revogaram vários dos dispositivos da lei, enfraquecendo-a.
José Serra, como ministro da
Saúde (1998-2002), fez campanha
contra o fumo. É um obstinado.
Em 2005, conseguiu a ratificação
do Brasil ao acordo internacional
da OMS de combate ao fumo. Sempre se preocupou com os enormes
gastos para cuidar dos doentes do
fumo, na maioria sem cura.
Como governador, ele volta ao
tema. Acho que ele está certo. Afinal, as pessoas têm todo o direito
de fumar, mas não têm o direito de
fazer adoecer quem não fuma e,
ainda por cima, fazer a sociedade
financiar o seu vício. Cabe ao governo agir para reduzir os estragos
nos indivíduos e nas finanças
públicas.
Pesquisas realizadas nos Estados
Unidos mostraram que a drástica
redução do tabagismo alcançada
naquele país deveu-se à combinação de (1) medidas coercitivas (como a pretendida) com (2) boas
campanhas educativas nas escolas
e com (3) programas de televisão
que mostravam imagens pavorosas
dos pulmões, boca e garganta dos
que adoeceram pelo fumo.
A proibição por lei é um primeiro
passo importante. Mas não se pode
descuidar da educação e do que
aterroriza os incautos.
As pessoas precisam ver a devastação que o tabagismo causa em
seus organismos. Para lidar com
um vicio poderoso, só com medidas mais poderosas.
antonio.ermirio antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve
mensalmente nesta coluna.
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