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PRESSA PARA INVESTIR
Até o início desta semana, as
evidências disponíveis sugeriam que a produção da indústria
brasileira perdera ímpeto em agosto.
Entre esses indícios estavam os resultados da expedição de papel ondulado (empregado em embalagens)
e da produção dos ramos siderúrgico
e automobilístico. No entanto a pesquisa mensal mais abrangente sobre
o desempenho da atividade industrial -realizada pelo IBGE e divulgada na segunda-feira- atestou que a
produção seguiu em expansão em
agosto, chegando ao sexto mês consecutivo de alta sobre o mês imediatamente anterior.
O resultado surpreendeu os analistas e levou muitos deles a rever para
cima suas estimativas para o crescimento da indústria e do PIB em 2004.
Ainda assim, continua a preponderar a avaliação de que a economia
tende a avançar no segundo semestre
a uma velocidade menor do que a verificada na primeira metade do ano.
Os próprios números do IBGE, relativos a agosto, embora melhores do
que se esperava, corroboram essa
avaliação, pois não escondem uma
desaceleração de indicadores que
ajudam a definir tendências. Os dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre as vendas da indústria proporcionam um retrato
análogo ao que emerge do IBGE.
A desaceleração da indústria, no
entanto, parece moderada, de modo
a sustentar um nível razoável de dinamismo. O incremento da produção industrial até aqui é sem dúvida
alentador sob a ótica da abertura de
vagas de trabalho e da criação de um
ambiente mais propício à recuperação do poder de compra dos trabalhadores. Não se deve esquecer, no
entanto, que esse processo vai levando à crescente utilização da capacidade produtiva disponível para atender a aumentos adicionais da demanda, o que é preocupante do ponto de vista do controle da inflação. O
quadro exige, evidentemente, uma
aceleração dos investimentos para
aumentar a capacidade de produzir.
Por isso é particularmente incômoda a constatação, sublinhada por reportagem da edição de ontem desta
Folha, de que o governo federal vem
se mostrando moroso na concessão
de estímulos ao investimento. O caso
mais evidente é o do Modermaq,
programa de financiamento do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para
a aquisição de máquinas e equipamentos. Anunciado em março como
peça central da nova política industrial, o Modermaq deveria entrar em
operação, segundo o Ministério do
Desenvolvimento, poucas semanas
após seu lançamento. Lamentavelmente, o governo retardou a regulamentação do programa, ocasionando um atraso de quatro meses. O resultado é que dos R$ 2,5 bilhões disponíveis para empréstimos nada ainda foi liberado.
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