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CLÓVIS ROSSI
A miséria também do debate
SÃO PAULO - A "experiência" de
Fernando Collor, louvada pelo presidente Lula, parece ter sido importada pela campanha lulo-petista.
Lembra-se de 1989, quando Collor
fez o terrorismo de dizer que, se Lula ganhasse, a classe média teria que
dividir seus apartamentos com os
pobres?
Bom, a propaganda que diz que
Geraldo Alckmin, se eleito, acabaria
com o Bolsa Família tem idêntico
DNA. Mesmo que Alckmin quisesse
fazê-lo, quisesse aumentar para
cem anos a idade mínima de aposentadoria ou outras maldades do
gênero, nem ele nem nenhum outro presidente (nem Margaret
Thatcher, tida como símbolo-mór
do liberalismo) teriam coragem de
fazê-lo. Programas que rendem votos jamais são cortados pelos políticos (Thatcher, aliás, até aumentou
o "sopão para os pobres").
De todo modo, o terrorismo lulo-petista pôs o Bolsa Família no centro da campanha, o que ajuda a desnudar as misérias da pátria. Vejamos o que é o Bolsa Família pela palavra de frei Betto, lulista convicto,
apesar de meio decepcionado, e
com toda uma história de luta a favor dos miseráveis:
Em entrevista ao jornal italiano
"Corriere della Sera", reproduzida
dias atrás por Merval Pereira (colunista de "O Globo"), frei Betto disse
que o Bolsa Família é "assistencialismo puro, que não muda a estrutura social e faz recair rapidamente
na miséria".
Só falta agora o lulo-petismo espalhar que Betto quer acabar com o
Bolsa Família. Ninguém que não
seja um tarado completo quer, porque, na miséria tupiniquim, é vital.
Mas os que ainda preservam a capacidade de pensar acima da propaganda reconhecem a sua gritante
insuficiência.
Mas o Brasil é tão miserável, especialmente no debate político, que
não se avança um milímetro no que
é mais importante: como mudar a
estrutura social de forma a superar
o assistencialismo.
crossi@uol.com.br
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