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MARCELO BERABA
Duas irmãs
RIO DE JANEIRO - Rio e São Paulo estão cada vez mais parecidas. O pesadelo de uma única cidade ao longo
da Dutra é uma realidade: as quadrilhas e comandos organizados e desorganizados agem nos dois núcleos
com a mesma desenvoltura e os mesmos métodos. As polícias, também,
são igualmente vulneráveis.
Em São Paulo, a Operação Anaconda, da Polícia Federal, que capturou
juízes e policiais acusados de formar
uma organização criminosa, coincidiu com uma onda de atentados do
PCC contra a polícia estadual.
Em uma semana, tivemos uma exposição prática das várias formas de
ações criminosas que dominam as
nossas cidades: altos funcionários públicos envolvidos em corrupção, a
bandidagem rasteira associada para
aterrorizar as ruas, e o crime comum,
bárbaro, como o cometido contra o
casal de jovens estudantes.
No Rio tem sido a mesma coisa. Aí
estão os fiscais presos acusados de
formação de quadrilha e de corrupção. Nas ruas, uma situação de pânico permanente. Nos últimos dias, o
terror paralisou a ilha do Governador, a comunidade da Maré e as vias
expressas que a margeiam e vários
subúrbios. Tem sido sempre assim,
sem trégua e sem solução.
No caso do Rio, vale acrescentar a
ação dos sicários, matadores profissionais que agem com absoluta tranquilidade, a qualquer hora.
Os secretários de Segurança das
duas cidades têm políticas semelhantes e com resultados igualmente ineficazes. São políticas reativas, anunciadas ao sabor das ações violentas e
espetaculares do narcotráfico. Raramente têm condições de tomar a iniciativa no combate ao crime.
Essas políticas tornaram rotineiro o
anúncio de megaoperações com nomes pomposos. A última do Rio, a
Pressão Máxima, foi iniciada depois
da chacina de seis jovens. A operação
se estende por toda a cidade há dez
dias. Nenhum assassino foi preso.
O secretário de Segurança do Rio,
Anthony Garotinho, que já admitiu
que perdera o domínio da situação,
hoje vive repetindo que está tudo sob
controle. Resta saber de quem.
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