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São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2003

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MARCELO BERABA

Duas irmãs

RIO DE JANEIRO - Rio e São Paulo estão cada vez mais parecidas. O pesadelo de uma única cidade ao longo da Dutra é uma realidade: as quadrilhas e comandos organizados e desorganizados agem nos dois núcleos com a mesma desenvoltura e os mesmos métodos. As polícias, também, são igualmente vulneráveis.
Em São Paulo, a Operação Anaconda, da Polícia Federal, que capturou juízes e policiais acusados de formar uma organização criminosa, coincidiu com uma onda de atentados do PCC contra a polícia estadual.
Em uma semana, tivemos uma exposição prática das várias formas de ações criminosas que dominam as nossas cidades: altos funcionários públicos envolvidos em corrupção, a bandidagem rasteira associada para aterrorizar as ruas, e o crime comum, bárbaro, como o cometido contra o casal de jovens estudantes.
No Rio tem sido a mesma coisa. Aí estão os fiscais presos acusados de formação de quadrilha e de corrupção. Nas ruas, uma situação de pânico permanente. Nos últimos dias, o terror paralisou a ilha do Governador, a comunidade da Maré e as vias expressas que a margeiam e vários subúrbios. Tem sido sempre assim, sem trégua e sem solução.
No caso do Rio, vale acrescentar a ação dos sicários, matadores profissionais que agem com absoluta tranquilidade, a qualquer hora.
Os secretários de Segurança das duas cidades têm políticas semelhantes e com resultados igualmente ineficazes. São políticas reativas, anunciadas ao sabor das ações violentas e espetaculares do narcotráfico. Raramente têm condições de tomar a iniciativa no combate ao crime.
Essas políticas tornaram rotineiro o anúncio de megaoperações com nomes pomposos. A última do Rio, a Pressão Máxima, foi iniciada depois da chacina de seis jovens. A operação se estende por toda a cidade há dez dias. Nenhum assassino foi preso.
O secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, que já admitiu que perdera o domínio da situação, hoje vive repetindo que está tudo sob controle. Resta saber de quem.


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