São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 2006

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CLÓVIS ROSSI

Que tal a "solucionática"?

SÃO PAULO - O PT sempre foi craque em diagnósticos, durante todos os governos aos quais fez oposição, desde que foi criado. Se as receitas que propunha para solucionar os problemas eram ou não corretas, é outra discussão.
Pena que, uma vez no governo, continua campeão em apontar a "problemática", em vez de entrar com a "solucionática", para citar o velho Dadá Maravilha, goleador dos anos 70.
Três exemplos:
1 - O Tribunal de Contas da União diz que 54,5% das verbas federais destinadas a complementar atividades do Estado foram para ONGs "ineptas". Porta escancarada para desperdício ou corrupção.
Resposta do ministro Paulo Bernardo (Planejamento): o governo precisa controlar melhor os convênios. Belo diagnóstico, cara-pálida, mas será que quatro anos de gestão não foram suficientes para pelo menos começar a controlá-los?
2 - Novo estudo confirma o que se sabia: 37% dos jovens entre 15 e 25 anos não completaram o ensino fundamental, do que decorre, em parte, o fato de que 46% dos desempregados são jovens. Resposta do secretário nacional da Juventude, Beto Cury: O Estado precisa pagar sua "dívida histórica" com a juventude. Ótimo. Em quatro anos, não deu, de novo, nem para começar?
3 - De Luiz Gushiken, que está deixando o Núcleo de Estudos Estratégicos: "O debate do desenvolvimento é necessário" e "a discussão deve apontar os instrumentos para destravar o ambiente econômico". Quatro anos não bastaram para apontá-los ou, melhor ainda, para pô-los em prática"?
Ah, por falar em "problemática", na crise anterior não havia sido dada a "solucionática" para o caos nos aeroportos? Ou será preciso esperar mais quatro anos para que as autoridades produzam, se não a solução, pelo menos uma explicação convincente?


crossi@uol.com.br


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