|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
Que tal a "solucionática"?
SÃO PAULO - O PT sempre foi craque em diagnósticos, durante todos
os governos aos quais fez oposição,
desde que foi criado. Se as receitas
que propunha para solucionar os
problemas eram ou não corretas, é
outra discussão.
Pena que, uma vez no governo,
continua campeão em apontar a
"problemática", em vez de entrar
com a "solucionática", para citar o
velho Dadá Maravilha, goleador dos
anos 70.
Três exemplos:
1 - O Tribunal de Contas da União
diz que 54,5% das verbas federais
destinadas a complementar atividades do Estado foram para ONGs
"ineptas". Porta escancarada para
desperdício ou corrupção.
Resposta do ministro Paulo Bernardo (Planejamento): o governo
precisa controlar melhor os convênios. Belo diagnóstico, cara-pálida,
mas será que quatro anos de gestão
não foram suficientes para pelo menos começar a controlá-los?
2 - Novo estudo confirma o que se
sabia: 37% dos jovens entre 15 e 25
anos não completaram o ensino
fundamental, do que decorre, em
parte, o fato de que 46% dos desempregados são jovens.
Resposta do secretário nacional
da Juventude, Beto Cury: O Estado
precisa pagar sua "dívida histórica"
com a juventude. Ótimo. Em quatro
anos, não deu, de novo, nem para
começar?
3 - De Luiz Gushiken, que está
deixando o Núcleo de Estudos Estratégicos: "O debate do desenvolvimento é necessário" e "a discussão deve apontar os instrumentos
para destravar o ambiente econômico". Quatro anos não bastaram
para apontá-los ou, melhor ainda,
para pô-los em prática"?
Ah, por falar em "problemática",
na crise anterior não havia sido dada a "solucionática" para o caos nos
aeroportos? Ou será preciso esperar mais quatro anos para que as autoridades produzam, se não a solução, pelo menos uma explicação
convincente?
crossi@uol.com.br
Texto Anterior: Editoriais: O protesto dos residentes Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Papai Noel que se cuide Índice
|