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CLÓVIS ROSSI
As escolhas de Dilma
SEUL - Comento com Marco Aurélio Garcia, assessor diplomático do
presidente, que ele estava perdendo um interlocutor precioso, ademais de frequente, com a saída do
general Jim Jones do cargo de conselheiro de Segurança Nacional da
Casa Branca.
Marco Aurélio e Jones mantiveram uma relação tão próxima que o
general telefonou três vezes para o
brasileiro durante a sessão da OEA
em que se decidia autorizar ou não
o retorno de Cuba à organização.
Fechei com uma observação que
ouvi inúmeras vezes de Octavio
Frias de Oliveira, o "publisher" desta Folha, morto há três anos: "Vivi
o suficiente para ver tudo acontecer
e seu contrário também", costumava dizer Frias.
Quem diria que um esquerdista
que esteve exilado no Chile, depois
França, viraria amigo, quase confidente, de um general norte-americano. "Ainda por cima oficial dos
marines", emendou ele.
Pois é, hoje em dia as coisas são
bem mais complexas do que decretar de cara que um esquerdista tem
que ser inimigo dos EUA ou que um
general norte-americano não pode
trocar figurinhas com quem teve
-e tem- proximidade com a turma
anti-ianque encabeçada pelo venezuelano Hugo Chávez.
Ou, posto de outra forma, acabou o tempo de alinhamentos automáticos. Vide o caso da cúpula do
G20 recém-encerrada: havia um
confronto China/Estados Unidos
em torno, para resumir, da subvalorização da moeda chinesa. Em outros momentos e em outros esquemas mentais, o Brasil teria que ficar
com um ou com o outro.
Agora, não. Ficou contra ambos,
até porque o dólar também está
subvalorizado (e os chineses, simples e malandramente, colaram
sua moeda à norte-americana).
No governo Dilma, haverá um
mundão de ocasiões para NÃO escolher automaticamente entre Jim
Jones e Hugo Chávez, só para usar
símbolos.
crossi@uol.com.br
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