São Paulo, domingo, 14 de novembro de 2010

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CLÓVIS ROSSI

As escolhas de Dilma

SEUL - Comento com Marco Aurélio Garcia, assessor diplomático do presidente, que ele estava perdendo um interlocutor precioso, ademais de frequente, com a saída do general Jim Jones do cargo de conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca.
Marco Aurélio e Jones mantiveram uma relação tão próxima que o general telefonou três vezes para o brasileiro durante a sessão da OEA em que se decidia autorizar ou não o retorno de Cuba à organização.
Fechei com uma observação que ouvi inúmeras vezes de Octavio Frias de Oliveira, o "publisher" desta Folha, morto há três anos: "Vivi o suficiente para ver tudo acontecer e seu contrário também", costumava dizer Frias.
Quem diria que um esquerdista que esteve exilado no Chile, depois França, viraria amigo, quase confidente, de um general norte-americano. "Ainda por cima oficial dos marines", emendou ele.
Pois é, hoje em dia as coisas são bem mais complexas do que decretar de cara que um esquerdista tem que ser inimigo dos EUA ou que um general norte-americano não pode trocar figurinhas com quem teve -e tem- proximidade com a turma anti-ianque encabeçada pelo venezuelano Hugo Chávez.
Ou, posto de outra forma, acabou o tempo de alinhamentos automáticos. Vide o caso da cúpula do G20 recém-encerrada: havia um confronto China/Estados Unidos em torno, para resumir, da subvalorização da moeda chinesa. Em outros momentos e em outros esquemas mentais, o Brasil teria que ficar com um ou com o outro.
Agora, não. Ficou contra ambos, até porque o dólar também está subvalorizado (e os chineses, simples e malandramente, colaram sua moeda à norte-americana).
No governo Dilma, haverá um mundão de ocasiões para NÃO escolher automaticamente entre Jim Jones e Hugo Chávez, só para usar símbolos.

crossi@uol.com.br


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