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PAINEL DO LEITOR
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Carne
"As recentes declarações do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, dão a impressão de que o
próprio governo brasileiro quer
criar empecilhos para a exportação
da nossa carne, visando a redução
do seu preço no mercado interno.
Só nos resta concluir que o pecuarista brasileiro está dormindo
com o inimigo."
LUIGI PETTI (São Paulo, SP)
Cartões
"Finalmente um artigo equilibrado sobre o que se convencionou
chamar de "escândalo dos cartões".
Marcelo Coelho, em "Macarthismo das miudezas" (caderno Ilustrada, 13/ 2), analisa o carnaval que
se criou sobre mesquinharias que,
não obstante devam ser investigadas e inibidas, não merecem a repercussão que têm recebido.
Aliás, o "patrulhamento moralista" que se impôs a certos gastos é inclusive deletério ao país, já que gastos com o recebimento de comitivas
internacionais, ou mesmo nacionais, são gentilezas evidentemente
necessárias no relacionamento institucional.
Faltou apenas ele levantar as razões da mídia como principal difusora do assunto."
CLARISSA MENEZES HOMSI, advogada e professora
universitária (São Paulo, SP)
"Entendo a dificuldade dos congressistas em estabelecer a CPI dos
cartões corporativos. A retirada de
recursos públicos em espécie para
cobrir gastos pessoais não é um crime político, é um crime comum de
apropriação indébita.
O assunto é para a delegacia de
polícia do bairro."
PASQUAL MENDONÇA (Rio de Janeiro, RJ)
Educação
"A Folha mostra, cada vez mais, a
sua preocupação em tratar do tema
"educação" com seriedade e com
transparência.
"Educação como produto", de Rosely Sayão (Equilíbrio, 14/2), é um
artigo de uma lucidez chocante sobre como muitos profissionais da
educação transformaram o direito
do cidadão num produto negociável -ou, quem sabe, em mais um
produto de vitrine para ser "ajustado" ao bel-prazer do comprador.
Pensando muito sobre o que li, e
como diretora de escola municipal,
descobri que vai demorar muito para isso ser mudado, pois essa é uma
atitude que vem de dentro. Mas
afirmo que existem muitos profissionais que agem tendo como objetivo a formação do cidadão -e todas as adversidades encontradas no
ambiente escolar são usadas em benefício do crescimento do aluno e
da família como um todo, pois essa
é uma atitude que vem de dentro."
LÁZARA HELENA MOREIRA, diretora da Escola Municipal de Pedra Bela (Bragança Paulista, SP)
Joanna Maranhão
"Parabenizo a nadadora Joanna
Maranhão, que, com coragem, denunciou o abuso sexual sofrido na
infância -praticado por um ex-técnico. Essa decisão terá duras conseqüências para a vítima, mas é importante para pôr um problema velado, que precisa ser resolvido pela
sociedade. Pena é a família de Joanna não ter tido a determinação de
processar o agressor.
Enquanto os responsáveis por
tais atos não prestarem contas à
Justiça, a sociedade continuará a
empurrar para debaixo do tapete
esse indigesto tema."
DANIEL GONÇALVES DE MEDEIROS (São Paulo, SP)
E agora, José?
"Na Folha de quarta-feira, o ex-ministro José Dirceu gastou espaço
para lengalenga e, na defensiva, fez-se de vítima.
Mas vítimas são os que acreditaram na suposta seriedade do ex e de
sua tropa de choque.
Quando ministro, com todo o poder nas mãos, Dirceu calou-se sobre os fatos que hoje chora por não
terem sido investigados. Por que
não mandou investigar as danosas
privatizações de FHC? Por que não
põe agora o PT, que ele controla,
para investigar o escândalo dos cartões de crédito -de FHC a Lula?
Na verdade, o que ele e a cúpula
do PT fazem agora é outro acordão
com PSDB e DEM para livrar o governo anterior e o atual de investigações sérias.
Todos têm o rabo preso, e só divergem com relação ao tamanho
dele, cada um dizendo que o seu é
menor."
LAURA FREITAS CERQUEIRA (Belo Horizonte, MG)
Guga
"Ao assistir a partida de Guga na
Costa do Sauípe, e vê-lo pedir desculpas para o público, não conseguia mais parar de chorar e fiquei
imaginando como conseguir transmitir em palavras a minha emoção.
Quando deparei com o artigo de
ontem deste grande exemplo de superação de João Carlos Martins
("Guga e a superação", "Tendências/Debates'), li tudo aquilo que
gostaria de ter escrito após o jogo.
Vamos sentir muitas saudades do
nosso campeão, mas o seu exemplo
ficou na história do esporte."
LUCIANA CRISTINA FARIA (Guarulhos, SP)
Bulas
"Há quatro anos, estudo realizado na Unesp já mostrou que 72%
das bulas de medicamentos para
tratamento da rinite eram impressas em letras muito pequenas, 60%
omitiam informações obrigatórias
por lei e 24% continham termos
técnicos na "informação ao paciente". Para o mesmo princípio ativo, o
texto variava conforme a marca comercial do medicamento. Em outra
pesquisa, constatamos que as informações das bulas sobre excipientes
dos medicamentos (conservantes,
corantes, adoçantes, aromatizantes
etc.) são o "samba do crioulo doido".
Entre as bulas de 73 medicamentos,
77% omitiam o teor exato de açúcar, duas não alertavam os fenilcetonúricos sobre a presença de aspartame e uma nem sequer listava
os excipientes.
A omissão e a imprecisão das bulas aumentam os riscos de haver
reações adversas por causa dos conservantes e corantes e de complicações devido ao uso inadvertido de
medicamentos com açúcar pelos
diabéticos -ou adoçados com aspartame pelos fenilcetonúricos.
Os dados preocupantes apontados pelo Idec ("Bulas incentivam
automedicação, diz estudo", Cotidiano, 11/2) apenas comprovam
que as bulas continuam doentes."
ARACY P. S. BALBANI, médica, professora de otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de
Botucatu - Unesp (Tatuí, SP)
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