São Paulo, segunda, 15 de fevereiro de 1999

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A Consulta Popular vai passar

FERNANDO RODRIGUES
Brasília - Enquanto o PT vai sambando para o centro, uma parcela da oposição está vitaminada pela crise e continua firme na esquerda. Por exemplo, o movimento Consulta Popular, que prega a queda de FHC.
A Consulta Popular não é uma organização desprovida de vínculos com a sociedade, muito pelo contrário. Nasceu em dezembro de 97, numa reunião com representantes de 350 movimentos populares de todo o país.
Em abril do ano passado, lançou um livro chamado "A Opção Brasileira". Vendeu 15 mil exemplares.
Entre outros, participam da Consulta Popular pessoas como João Pedro Stédile (do MST), Plínio de Arruda Sampaio (ligado à Igreja Católica e ao PT), Luiz Eduardo Greenhalgh (ex-deputado petista) e César Benjamin (economista do PT até 95).
A Consulta Popular ocupa hoje um espaço que foi cativo do PT. Aparece menos que os petistas, mas aparentemente atua muito mais. Mantém contato com organizações populares em todo o país. Propõe-se a liderar manifestações de rua. Algo que o PT desistiu de fazer, exceto em eleições.
No início deste mês, o presidente nacional do PT, José Dirceu, enviou cópia de um manifesto da Consulta Popular para todos os dirigentes petistas. O PT sabe que perde espaço e não pode ignorar esse movimento.
Duríssimo com FHC, o documento da Consulta Popular é datado de 15 de janeiro. Foi redigido antes da grande desvalorização do real, ocorrida a partir do dia 13 do mês passado.
Ainda assim, o item seis da nota da Consulta Popular diz o seguinte:
"Não está afastada a hipótese de que, em algumas semanas, possamos começar movimentos que defendam abertamente a queda do presidente estelionatário. Sua figura deve ser um alvo fixo. Devemos massificar -em faixas, discursos e publicações- a alcunha "Fernando Henrique Silvério dos Reis Cardoso', associando sua imagem à do traidor da Inconfidência Mineira".
O prazo "algumas semanas" vence agora, depois do Carnaval.



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