|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARLOS HEITOR CONY
Solicito secretária competente
RIO DE JANEIRO - O título da crônica é estranho, sou o primeiro a reconhecer. É trecho de música caribenha,
""Cha-cha-cha de las secretarias",
gravada por um bigodudo, Bienvenido Granda, que passou de moda.
Mas o Caribe continua em alta. O
dossiê falsificado, que tentou tumultuar a última eleição presidencial,
provocou no indigitado beneficiário
de contas suspeitas no exterior a reação de sempre: mandou apurar e punir os responsáveis pela falsificação e
divulgação parcial do documento.
Se tivesse secretários ou secretárias
competentes, o presidente da República teria feito mais, ou melhor, teria
feito o principal. Desde a primeira
campanha eleitoral que o elegeu, sabe-se que houve sobras de caixa
-episódio que se repetiria na reeleição.
Além disso, as privatizações, sobretudo a das teles e a da Vale do Rio
Doce, geraram comissões e maracutaias, uma delas, por sinal, estourou
recentemente, com o caso do Ricardo
Sérgio.
Pode ser, até, que o dossiê seja abafado, como é de rotina. Os líderes governistas consideram subversão apurar a verdade, no pressuposto de que
a única verdade é a do governo -tal
como acontecia durante o regime militar.
Na complicada trama dos dossiês,
um nome é constante e não foi desmentido. Por acaso, é o nome do antigo tesoureiro de FHC, que muitos
aproximavam do modelo anterior,
administrado por PC Farias.
É possível que, ressuscitado o caso,
o governo atire ao mar algum indesejado, o próprio Ricardo Sérgio, ou
qualquer outro bode expiatório.
FHC não repete Collor no que o ex-presidente teve de melhor. Acreditando demais em seu poder e na eficiência de seus secretários, Collor não
abafou a CPI que o afastou da presidência.
Rescaldado pelo precedente, FHC
tem horror a qualquer investigação.
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: Juntando os cacos Próximo Texto: Otavio Frias Filho: Banalidade do mal Índice
|