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O CANDIDATO ALCKMIN
Poucas vezes se viu um processo de escolha de candidato presidencial tão atabalhoado e incerto
quanto o que redundou na definição
do nome de Geraldo Alckmin pelo
PSDB. Acabou premiada a perseverança do governador, assentada no
argumento de que a sua candidatura
-embora menos cotada nas pesquisas de intenção de voto- seria mais
natural e menos arriscada politicamente que a de José Serra.
O prefeito de São Paulo, sem ter obtido apoio unânime da legenda para
lançar-se ao Planalto, recuou sob o
temor de que a deflagração de uma
disputa interna, a essa altura dos
acontecimentos, agravaria agudamente as tensões no partido -o que
provavelmente ocorreria. Ganhará a
capital paulista, vendo afastado o risco de descontinuidade e incerteza
administrativa, com a presumível
permanência de Serra até o fim do
mandato.
Apesar de seu discreto desempenho nas pesquisas, Alckmin levará
trunfos para a campanha. Após 11
anos no governo do Estado mais rico
do país -quatro na chefia do Executivo-, ostenta aprovação popular
recorde para alguém em seu posto:
62% dos paulistas consideram sua
gestão ótima ou boa. No rol das realizações de sua administração estão
o rebaixamento da calha do rio Tietê,
a aceleração das obras do metrô na
capital e a construção da primeira fase do Rodoanel metropolitano.
Além de explorar o flanco ético
-calcanhar-de-aquiles do petista
Luiz Inácio Lula da Silva na tentativa
de reeleger-se-, o governador paulista estará empenhado em promover-se como um administrador competente. Vai tentar convencer o eleitor de que é o postulante mais apto a
gerenciar os negócios públicos.
A administração federal carece de
um choque de gestão; é imperativo
cortar gastos correntes, o que abrirá
oportunidade para ampliar o investimento público e diminuir a carga tributária. Mas seria amesquinhar a
disputa pelo cargo mais importante
da República reduzir os problemas
nacionais a uma questão gerencial.
A partir de agora, vão-se cobrar de
Alckmin -e dos outros pleiteantes
que forem confirmados- os planos
concretos da plataforma de "mudança" que o governador mencionou no
discurso de ontem. O que o presidenciável do PSDB pretende fazer para combater a violência nas grandes
cidades? Que alterações quer imprimir na economia? Como pensa reduzir a miséria e a desigualdade social?
Que plano vislumbra para a educação? Com a palavra, o candidato tucano ao Planalto.
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