São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 2006

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O CANDIDATO ALCKMIN

Poucas vezes se viu um processo de escolha de candidato presidencial tão atabalhoado e incerto quanto o que redundou na definição do nome de Geraldo Alckmin pelo PSDB. Acabou premiada a perseverança do governador, assentada no argumento de que a sua candidatura -embora menos cotada nas pesquisas de intenção de voto- seria mais natural e menos arriscada politicamente que a de José Serra.
O prefeito de São Paulo, sem ter obtido apoio unânime da legenda para lançar-se ao Planalto, recuou sob o temor de que a deflagração de uma disputa interna, a essa altura dos acontecimentos, agravaria agudamente as tensões no partido -o que provavelmente ocorreria. Ganhará a capital paulista, vendo afastado o risco de descontinuidade e incerteza administrativa, com a presumível permanência de Serra até o fim do mandato.
Apesar de seu discreto desempenho nas pesquisas, Alckmin levará trunfos para a campanha. Após 11 anos no governo do Estado mais rico do país -quatro na chefia do Executivo-, ostenta aprovação popular recorde para alguém em seu posto: 62% dos paulistas consideram sua gestão ótima ou boa. No rol das realizações de sua administração estão o rebaixamento da calha do rio Tietê, a aceleração das obras do metrô na capital e a construção da primeira fase do Rodoanel metropolitano.
Além de explorar o flanco ético -calcanhar-de-aquiles do petista Luiz Inácio Lula da Silva na tentativa de reeleger-se-, o governador paulista estará empenhado em promover-se como um administrador competente. Vai tentar convencer o eleitor de que é o postulante mais apto a gerenciar os negócios públicos.
A administração federal carece de um choque de gestão; é imperativo cortar gastos correntes, o que abrirá oportunidade para ampliar o investimento público e diminuir a carga tributária. Mas seria amesquinhar a disputa pelo cargo mais importante da República reduzir os problemas nacionais a uma questão gerencial.
A partir de agora, vão-se cobrar de Alckmin -e dos outros pleiteantes que forem confirmados- os planos concretos da plataforma de "mudança" que o governador mencionou no discurso de ontem. O que o presidenciável do PSDB pretende fazer para combater a violência nas grandes cidades? Que alterações quer imprimir na economia? Como pensa reduzir a miséria e a desigualdade social? Que plano vislumbra para a educação? Com a palavra, o candidato tucano ao Planalto.


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