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ELIANE CANTANHÊDE
Sinais invertidos
BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, está louco para mudar o ICMS (imposto estadual), transferindo a cobrança do Estado de origem para o de destino.
Mas... o vice-presidente, José Alencar,
declarou que acha isso "uma bobagem".
O Planalto vende o Fome Zero, o
Primeiro Emprego e o Analfabetismo
Zero como as pérolas do governo.
Mas... o senador Eduardo Suplicy, do
PT, expert em redistribuição direta
de renda, é um dos que vive soltando
suas baterias contra a "inconsistência" dos programas sociais.
Lula defende as reformas da Previdência e tributária com unhas e dentes com o argumento de que o Brasil
vai avançar dez anos. Mas... o presidente da Câmara, João Paulo Cunha,
do PT, adverte que elas não serão revolucionárias nem profundas. "Nem
uma panacéia", resume.
O governo também tenta convencer
a opinião pública, a duras penas, de
que a cobrança dos inativos da Previdência é o maior barato. Mas... o líder do PT na Câmara, Nelson Pellegrino, retruca com vários "não". Não
é, não. Além disso, ele acha que não
tem de seguir tudo o que Lula diz.
"Não é por aí que se resolve", diz
Pellegrino, que foi um dos signatários
do manifesto da bancada petista contra a autonomia do BC -outra
questão de interesse do governo.
Se o vice-presidente da República e
os petistas mais destacados reagem
assim às propostas do próprio governo, a oposição não pode nem deve ficar calada. Daí porque os governadores tucanos ameaçam engrossar a
voz, e Aécio Neves surfa nessas críticas ao reivindicar mais grana para
Minas. Em tom de advertência (ou de
ameaça?) prevê "dificuldades" nas
votações das reformas.
Bem, mas também há quem defenda o governo. Por exemplo: José Sarney, presidente do Senado, filiado ao
PMDB e com um pé e uma filha senadora no PFL. Para ele, Lula é o máximo, e a reeleição, uma barbada.
Nesse confuso jogo de Sarney na defesa e de petistas no ataque, pode até
parecer que alguma coisa esteja errada no governo. Vai ver, está mesmo.
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