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FERNANDO RODRIGUES
Oposição à deriva
BRASÍLIA - As CPIs estão para a corrupção assim como o vento está para
o frio em Estocolmo no inverno.
Quando venta, a sensação de frio
cresce na cidade sueca. No Brasil, a
instalação de uma CPI dá a impressão de corrupção infinita no país.
É evidente que o PT e Lula fizeram
muitas estripulias no poder. A degradação foi grande. Há fios desencapados com risco de curtos-circuitos. Mas
as pesquisas mostram que o eleitorado se recusa a creditar a Lula a responsabilidade maior pelo pântano
moral reinante em Brasília.
Quando Fernando Collor sofreu o
impeachment, em 1992, a popularidade de seu governo estava em 9%. A
administração Lula marcou 37% no
início deste mês.
Essa abulia infinita do eleitorado
talvez tenha origem na leniência
além da média aqui nos trópicos. OK.
Mas é um exagero concluir que a população emburreceu politicamente
nos últimos 14 anos -até porque foi
o período em que o Brasil passou pelo
iluminismo (sic) tucano, com FHC
oito anos no Planalto.
A oposição anda histérica. Não
consegue furar o bloqueio criado pelo
binômio "eleitor acomodado-economia crescendo". Líderes do PFL e do
PSDB espalham boatos sobre as próximas acusações contra Lula e culpam a mídia se nada acontece.
Enquanto tucanos e pefelistas esperam o tal extrato bancário de Paulo
Okamotto, o governo avança. O PT
coloca no ar semana que vem comerciais dizendo que Lula terá inflação
mais baixa do que FHC, crescimento
médio mais alto e caminhões de dinheiro para os pobres. São fatos difíceis de serem contestados.
Pode não ser o Brasil ideal. Aliás,
não é. Mas, por enquanto, dá para o
gasto para Lula e o PT se agüentarem
lá em cima. A não ser que PSDB e
PFL convençam os eleitores de que
são mais honestos e, desta vez, farão
o país crescer de maneira mais acelerada. A tarefa não é fácil.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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