São Paulo, domingo, 15 de abril de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Chance para decolar

O GOVERNO Lula ainda reluta, mas uma articulação de forças oposicionistas no Senado tem boas chances de acelerar a criação de uma CPI sobre a crise aérea. Após um acordo entre o DEM (ex-PFL) e o PSDB, a oposição afirma ter obtido o número mínimo de assinaturas (27) para solicitar a implantação de uma investigação parlamentar na Casa dos senadores.
A bancada situacionista, em manobra que atropelou o direito constitucional da minoria, conseguiu ao menos postergar a instalação do inquérito na Câmara. Em julgamento previsto para o dia 20, a expectativa é que o Supremo Tribunal Federal obrigue os deputados a criar a CPI.
O fato novo no Senado, no entanto, pode antecipar esse desfecho. Sintoma disso foi a declaração do líder governista na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), na sexta: "O governo não gosta de ter CPI para perturbar o trâmite de votação do PAC". Trata-se de uma variação da surrada frase "CPIs param o país", a que todo governismo recorre -em especial quando o escopo das investigações pode alcançar o Palácio do Planalto.
Em paralelo, novas evidências contra a Infraero surgiram. Foram afastados diretores por conta de indícios de irregularidades em contratos. Existem, a respeito da estatal, 35 procedimentos administrativos do Ministério Público Federal, 95 processos no Tribunal de Contas da União, quatro investigações da Controladoria Geral da União e três em auditorias internas.
A estatal é apenas uma das rotas que uma CPI precisará explorar. Deverá debruçar-se também sobre o sistema de controle do tráfego aéreo, a gestão dos fundos Aeronáutico e Aeroviário e o acidente que matou 154 pessoas no final de setembro.


Texto Anterior: Editoriais: Aborto em plebiscito
Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Mais democracia, não menos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.