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FERNANDO RODRIGUES
Realinhamento
BRASÍLIA - Mais um exemplo de como o presidente Fernando Henrique
Cardoso trabalha nos bastidores para ajudar a candidatura de José Serra
ao Palácio do Planalto.
O encontro de FHC com o banqueiro Daniel Dantas, no início deste
mês, deveria ser reservado. Vazou.
Aos poucos, surgem detalhes da conversa da noite de 3 de maio no Palácio da Alvorada.
Teve participação ativa no contato
o empresário Roberto Amaral, ex-funcionário de empreiteira e ajudante de FHC nas horas difíceis. Amaral
hoje pode pegar em um telefone e falar tanto com o presidente da República como com Daniel Dantas.
O encontro tratou de vários temas.
Um deles foi a relação da Previ (fundo de pensão dos funcionários do
Banco do Brasil) com o Opportunity,
o banco de Daniel Dantas.
A Previ anda às turras com o Opportunity. Há risco real de o banco
perder ou ver reduzido seu papel de
gestor do dinheiro desse fundo. Seria
catastrófico para o banqueiro.
Acertou-se então que uma pessoa
de confiança do ministro da Fazenda, Pedro Malan, colocará "ordem"
(sic) na Previ. Na prática, trabalhará
para realinhar os interesses do fundo
de pensão com os do banco Opportunity. Grande negócio.
Esse realinhamento pode não ter
nada de ilegal. É uma decisão política. Trará frutos imediatos. Daniel
Dantas é um dos responsáveis, não o
único, pela onda de notícias desagradáveis sobre o processo de privatização. A idéia de ter havido um "propinoduto" em favor de gente ligada a
tucanos não é boa para Serra.
Pacificada a Previ com o Opportunity, supõe-se que Daniel Dantas vá
ser uma aresta aparada nesse jogo de
contra-informação.
O realinhamento pode durar pouco. Por razões diferentes, Lula (PT) e
Serra (PSDB), no Planalto, criarão
obstáculos para o banqueiro recebido
pelo presidente. Mas esse é um problema para o longínquo 2003. Por enquanto, FHC faz a sua parte a favor
de si próprio e de Serra.
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