São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 2002 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Sobre a infância
PAULO RENATO SOUZA
Outros destaques brasileiros: a redução da taxa de mortalidade infantil, de 48,4 por 1.000 nascidos vivos, em 1990, para 29,6, em 2000 -uma redução de 38%, ultrapassando a meta estabelecida pela ONU- e o Estatuto da Criança e do Adolescente, adotado em 1990. Considerado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) um dos instrumentos legislativos mais avançados do mundo sobre o assunto, possibilitou a criação de um sistema de proteção à infância em parceria entre governo e sociedade. Tive a satisfação de ouvir do administrador-geral do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), Mark Malloch Brown, durante um painel do qual participei, palavras extremamente elogiosas às políticas de educação adotadas em nosso país. Ele creditou ao sistema de informação e avaliação criado pelo Ministério da Educação nos últimos sete anos o êxito obtido na área educacional. Disse ainda que está se inspirando nesse trabalho para criar o sistema de avaliação e monitoramento das chamadas Metas do Milênio, que procuram estabelecer objetivos para os países a fim de melhorar as condições de vida de suas populações. O problema das crianças em situação de risco representa o aspecto mais visível de nossa desigualdade social. O documento oficial do governo brasileiro não os oculta nem esconde nossa determinação de enfrentá-los e resolvê-los. A própria elaboração do documento foi realizada de forma aberta, chamando a sociedade civil a participar de um diálogo transparente e profícuo, com as organizações não-governamentais atuantes na área, de sorte a permitir maior visibilidade e eficiência às políticas públicas implementadas. Enfrentar as dificuldades que persistem é um desafio nacional em prol da cidadania e da construção de um Estado democrático de Direito, inspirando iniciativas redistributivas e de redução da pobreza nas políticas sociais. As ações abrangentes que vimos tocando em apoio à criança mostram empenho em fazer com que as potencialidades brasileiras virem realidades perenes. A trajetória da década de 90 ilustra as mudanças da relação do Estado com as crianças e os adolescentes. Esse processo consolidou uma nova institucionalização dos direitos, por meio da colocação na agenda pública de questões fundamentais que vêm modificando as práticas políticas e, certamente, têm impacto na mudança das relações do Estado, da família e da sociedade com a criança e o adolescente no seu atendimento e na garantia de seus direitos. Há dificuldades que se apresentaram e ainda se apresentam, mas que são inerentes às construções democráticas. O governo brasileiro, em parceria com a sociedade civil, continuará a unir esforços, nos próximos dez anos, com vistas a promover a inclusão social e a radicalização da democracia. Paulo Renato Souza, 56, economista, é ministro da Educação. Foi reitor da Unicamp de 1986 a 1990 e secretário da Educação do Estado de São Paulo (governo Montoro). Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Enio Mainardi: Sou judeu ou palestino? Índice |
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