São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Saúde e publicidade
"A nota "Simples coincidência", publicada na coluna "Painel" em 13/5 (pág. A4), induz os leitores da Folha a um entendimento errado dos fatos. O Ministério da Saúde gastou, sim, R$ 52 milhões com comunicação, mas em campanhas educativas e de utilidade pública. Quarenta por cento desse valor foi utilizado na campanha de combate à dengue. Esse esforço de comunicação foi fundamental no trabalho de controle do avanço da doença neste primeiro semestre. E é importante que seja mantido no próximo, pois só assim conseguiremos fazer a população mudar de comportamento e ficar permanentemente em vigilância, sob pena de enfrentarmos nova epidemia em 2003. Outros 60% dos recursos foram gastos nas convocações dos idosos para a campanha contra a gripe, das mulheres para o exame de câncer do colo do útero, de médicos e de enfermeiros para trabalhar nos municípios que não os têm e de vacinação contra o tétano neonatal e a febre amarela entre outras campanhas. Não há outra forma de levar as pessoas aos postos de saúde nem de recrutar esses profissionais senão através da ampla divulgação."
Cristina Gutemberg, chefe da Divisão de Publicidade do Ministério da Saúde (Brasília, DF)

Túnel Ayrton Senna
"A nova reportagem sobre as obras executadas no túnel Ayrton Senna pelo Consórcio CBPO-Constran ("Laudo atesta fraude de R$ 6,8 mi em obra", Cotidiano, pág. C1, 12/5), dos jornalistas Sílvia Correa e Chico de Gois, contém informações equivocadas que nos obrigam a voltar ao assunto, embora tenhamos manifestado nossa disposição de nos pronunciarmos exclusivamente em juízo em carta divulgada por este jornal em 19 de junho de 2001. Reafirmamos todos os termos daquela carta. Ao consórcio não cabe aceitar ou não uma decisão unilateral como a que a Emurb tomou. Nosso advogado foi explícito em afirmar que "dada a decisão de glosa, tomaríamos as medidas judiciais cabíveis na defesa de nossos direitos". Não se pode afirmar, como consta na reportagem, que o "túnel fantasma" apresente obras pagas que não tenham sido executadas, pois, na realidade, a questão refere-se a interpretação divergente relativa a critérios de medição, matéria que se encontra "sub judice". A existência de um laudo feito pelo denunciante, sem o nosso acompanhamento, não é suficiente para embasar as acusações. Ao contrário. Ainda resta, na demanda, a apresentação de laudos por parte dos peritos do consórcio e, eventualmente, do próprio juiz. Mais difícil ainda é aceitar afirmações de "superfaturamento", teoricamente fundamentadas no mesmo laudo, que, diferentemente do que sugere a reportagem, não trata do tema, limitando-se exclusivamente aos critérios de medição. Tal afirmação nos causa maior estranheza quando acompanhada de ilustração com valores absolutamente irreais, já que o valor original do contrato, de Cz$ 1.156.273.785,00 (em agosto de 1986), significou um investimento final de R$ 967.868.679,68 (em janeiro de 2002), aí incluídos vários aditivos relativos até a novas obras não contempladas no contrato original, como "cebolinha", "passagem Santo Amaro", "acesso à Senna Madureira"... Lamentamos, novamente, que equívocos como esses atinjam -quando as questões levantadas ainda estão na Justiça- a imagem das empresas que formam o consórcio."
Marco Antônio Antunes, gerente de Comunicação Social da CBPO (São Paulo, SP)

Resposta dos jornalistas Sílvia Corrêa e Chico de Gois
A decisão de ressarcimento não foi unilateral. Em carta de 26 de junho de 2001, o consórcio CBPO-Constran não questiona o mérito do pedido de devolução de dinheiro feito pela Emurb e autoriza o desconto do valor recebido a mais. O laudo não trata de critérios de medição, mas de buscas físicas no subsolo.

"A Lenc -Laboratório de Engenharia e Consultoria-, empresa que atua na área de engenharia consultiva há mais de 25 anos, citada na reportagem "Laudo atesta fraude de R$6,8 mi em obra" como autora de laudo que diagnosticou as supostas irregularidades na obra do túnel Ayrton Senna, esclarece o seguinte. A reportagem induz a pensar -e, em alguns pontos, afirma- que o laudo referido é de autoria da Lenc, o que não é verídico. À Lenc, em atenção ao contrato n.º 0121701000, estabelecido com a Emurb em 13/2/1998, foi solicitado pela atual administração que executasse serviços de investigação geotécnica em locais previamente marcados pela Emurb, tendo como produto o relatório RT-DE-01-5F-311, de reconhecimento do subsolo nos locais indicados. Em conclusão, todas as questões levantadas sobre as supostas irregularidades citadas na reportagem supra-referida não são de responsabilidade da Lenc."
Alexandre Zuppolini Neto, diretor-presidente (São Paulo, SP)

Resposta dos jornalistas Sílvia Corrêa e Chico De Gois
O texto simplesmente afirma que o laudo da Lenc evidencia que a obra não existe tal como foi cobrada. Em nenhum momento atribui a conclusão de fraude à empresa.

Oriente Médio
"Como sempre, muito "interessante" o discurso do professor Emir Sader ("Os erros dos de baixo", "Tendências/Debates", pág. A3, 13/5). Mas eu gostaria de fazer uma pergunta: os palestinos querem a paz e querem dividir as terras? A resposta é: não! O que eles querem é expulsar os israelenses e ocupar toda a terra da Palestina. E isso não é exatamente um pedido de paz, e sim de guerra. Eles não querem a divisão justa do território para poder formar o seu merecido Estado. Eles desejam o extermínio de Israel e dos israelenses. Por isso não se deve comparar os palestinos aos sem-terra, pois estes não querem ocupar todas as terras produtivas ou improdutivas do Brasil, salvo algumas exceções, que, como o próprio professor disse, merecem críticas por prejudicar o movimento de reforma agrária."
Ilda Zaideman Azar (Sorocaba, SP)

"Como observou Gore Vidal ("Petróleo motiva guerra afegã", diz Vidal", Mundo, pág. A20, 12/5), há uma intensa guerra de desinformação contra os palestinos, a qual procura esconder a cruel ocupação militar israelense da Cisjordânia. Entre nós, os artigos e correspondências que têm procurado justificar a política de Israel podem ser classificados como incoerentes, pois simplesmente "se esquecem" dessa ocupação. Enquanto forem ignoradas as mais de 200 colônias (com colonos armados e protegidos pelo Exército), ligadas por estradas privativas para israelenses e constituindo verdadeiro país sobreposto ao pequeno território palestino, e enquanto não se notar que é Israel o invasor há cerca de 40 anos, qualquer debate ou desejo de "paz" será mera festividade inócua, pois "paz", para o governo israelense, significa ocupação, opressão, submissão, exílio. Se fosse Israel que estivesse sob ocupação, eu estaria escrevendo para defender o direito dos israelenses à revolta."
Walter Del Picchia, professor titular da Escola Politécnica da USP (São Paulo, SP)

Ainda é cedo
"Corretíssima a decisão da Justiça Federal do Maranhão de negar o pedido de foro privilegiado nas investigações sobre a participação de Jorge Murad e Roseana Sarney em fraudes na Sudam ("Justiça do MA nega foro privilegiado a Murad", Brasil, pág. A8, 14/5). Qualquer outra decisão seria ultrajante, pois a volta de Murad ao primeiro escalão do governo do Maranhão foi clara manobra política. Mas, em se tratando de pessoas tão influentes como o referido casal, ainda é cedo pra comemorar."
Wasley de Santana Bessa (Duque de Caxias, RJ)



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