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A PROPOSTA DA VARIG
A crise daquela que foi por décadas a maior companhia aérea
do país parece encaminhar-se, enfim, para um desfecho. Há dias, o
comitê de credores da Varig aceitou
proposta de dividir a empresa em
duas partes: uma que concentrará os
passivos e outra, operacional, que
reunirá os ativos e estará isenta de dívidas. Esta segunda fração irá a leilão
em dois meses.
A proposta evita vários caminhos
condenáveis, como a simples injeção
de dinheiro público visando a dar sobrevida a uma empresa que não conseguiu articular uma alternativa viável para se reerguer. Não se deve confundir essa opção, felizmente evitada, com a possibilidade de que o
BNDES empreste recursos ao comprador da "Varig Operacional", para
facilitar a operação.
Ao longo de anos de progressiva
fragilização, a Varig perdeu porte e
viu o prestígio de sua marca, de proporção global, se desgastar. No mercado doméstico, a empresa já há algum tempo perdeu sua posição dominante e, nos últimos meses, o
agravamento da crise reduziu ainda
mais sua participação, que se limitou
a 17% no mês passado. Nas rotas internacionais, a participação da Varig
também vem encolhendo, mas ainda
é preponderante: ficou em 66% em
abril (contra 79% há um ano).
A proposta do leilão foi elaborada
no bojo de um plano de recuperação
judicial baseado na nova Lei de Falências. Essa mudança na legislação
foi introduzida com a finalidade de
facilitar a resolução de crises de empresas, de modo a limitar as perdas
incorridas por credores, clientes e
empregados. Sua eficácia passará
agora por um teste importante.
O número de interessados e sua
disposição de ultrapassar o preço
mínimo estabelecido para o leilão
são incógnitas que dependerão em
grande medida da confiança que depositam em que o novo ambiente legal não deixará margem para contestações judiciais que impeçam o comprador de administrar livremente os
ativos adquiridos.
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