São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 2006

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A PROPOSTA DA VARIG

A crise daquela que foi por décadas a maior companhia aérea do país parece encaminhar-se, enfim, para um desfecho. Há dias, o comitê de credores da Varig aceitou proposta de dividir a empresa em duas partes: uma que concentrará os passivos e outra, operacional, que reunirá os ativos e estará isenta de dívidas. Esta segunda fração irá a leilão em dois meses.
A proposta evita vários caminhos condenáveis, como a simples injeção de dinheiro público visando a dar sobrevida a uma empresa que não conseguiu articular uma alternativa viável para se reerguer. Não se deve confundir essa opção, felizmente evitada, com a possibilidade de que o BNDES empreste recursos ao comprador da "Varig Operacional", para facilitar a operação.
Ao longo de anos de progressiva fragilização, a Varig perdeu porte e viu o prestígio de sua marca, de proporção global, se desgastar. No mercado doméstico, a empresa já há algum tempo perdeu sua posição dominante e, nos últimos meses, o agravamento da crise reduziu ainda mais sua participação, que se limitou a 17% no mês passado. Nas rotas internacionais, a participação da Varig também vem encolhendo, mas ainda é preponderante: ficou em 66% em abril (contra 79% há um ano).
A proposta do leilão foi elaborada no bojo de um plano de recuperação judicial baseado na nova Lei de Falências. Essa mudança na legislação foi introduzida com a finalidade de facilitar a resolução de crises de empresas, de modo a limitar as perdas incorridas por credores, clientes e empregados. Sua eficácia passará agora por um teste importante.
O número de interessados e sua disposição de ultrapassar o preço mínimo estabelecido para o leilão são incógnitas que dependerão em grande medida da confiança que depositam em que o novo ambiente legal não deixará margem para contestações judiciais que impeçam o comprador de administrar livremente os ativos adquiridos.


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