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ELIANE CANTANHÊDE
Santo "pânico"
BRASÍLIA - A manifestação da
gripe suína começou no México,
pulou o muro para os EUA e ganhou
as manchetes dos jornais de todo o
mundo como ameaça de "pandemia". Não chegou a tanto, e o pior
(aparentemente) já passou. A disseminação do vírus, da doença e das
mortes parece estar... sob controle.
A expressão "sob controle" é fundamental em medicina preventiva,
e a discussão sobre a ação da OMS
(Organização Mundial da Saúde) é
fora de propósito. Lê-se daqui e dali
que a OMS se precipitou, ou exagerou, ou ficou à beira de criar o pânico. Besteira. O mais importante órgão de saúde do mundo simplesmente fez o que tinha de fazer.
É como a relação entre paciente e
médico. O paciente se deve o direito
de sempre pensar no melhor e mais
fácil, já o médico tem a obrigação de
trabalhar com o pior e o mais difícil,
até afastar qualquer dúvida. Foi o
que a OMS fez e, assim, acionou a
imprescindível colaboração de governos e da mídia. Informação é
fundamental contra vírus.
Até por isso a gripe suína, ou A
(H1N1), gerou uma operação de
guerra, inclusive no Brasil. Chegou
a vários continentes, mas está saindo de fininho das páginas e do ar
sem os milhões de mortes temidos.
Em vez de críticas, a OMS deve
ouvir elogios e até ser imitada, tanto em prevenção de doenças transmissíveis -ainda um grave problema no Brasil, por exemplo- como
em caso de calamidades como as de
Santa Catarina e agora as do Nordeste, sobretudo em Alagoas.
Alertar e tensionar não é gerar
pânico, é seguir um conceito básico:
"Melhor prevenir do que remediar". O Brasil demonstrou reação
de ponta para enfrentar a Aids, bem
ou mal segurou a febre amarela e
agiu com firmeza contra a gripe,
mas ainda sofre com doenças endêmicas ultrapassadas e deixa muito a
desejar no atendimento de massa
da população carente.
Em suma, avançou muito, mas
prevenir e remediar doença de pobre e tragédias que atingem os mais
fracos ainda não é o forte brasileiro.
elianec@uol.com.br
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