São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 2006

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Parasitas do Orçamento

NÃO HÁ como avaliar a decisão sem uma dose razoável de ceticismo. A entrada em operação da CPI das Sanguessugas, anunciada ontem pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deve surtir, na melhor das hipóteses, resultados modestos. Ainda assim, a providência é necessária.
Simplesmente deixar de apurar seria contribuir para minar ainda mais a credibilidade do Congresso. Em depoimento na Polícia Federal, a principal envolvida no caso, uma ex-servidora do Ministério da Saúde, afirmou que cerca de "um terço da Câmara" teria participado do esquema de fraudes de emendas parlamentares para compra de ambulâncias. Mais tarde, aumentou a cifra para 283 parlamentares. Diante da gravidade da denúncia, cruzar os braços seria a pior opção a ser tomada por deputados e senadores.
Daí a acreditar que haverá punições vai uma grande distância. Para aprovar uma cassação, são necessários os votos de 257 dos 513 deputados. Na estimativa mais otimista -segundo a qual seriam 170 os envolvidos na máfia das ambulâncias-, os criminosos estariam a apenas 87 votos de tornar-se a maioria da Casa.
De órgãos independentes do Congresso, como o Ministério Público, a PF e a Justiça, se espera que exerçam com seriedade a tarefa de investigar, apresentar provas e produzir as sentenças necessárias nesse rumoroso escândalo. Que o Legislativo, pressionado pela opinião pública, ao menos discuta e aprove as leis para dificultar saques sistemáticos ao erário como o revelado no caso das sanguessugas.


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