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Parasitas do Orçamento
NÃO HÁ como avaliar a decisão sem uma dose razoável de ceticismo. A entrada em operação da CPI das Sanguessugas, anunciada ontem pelo presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), deve surtir, na melhor das hipóteses, resultados modestos. Ainda assim,
a providência é necessária.
Simplesmente deixar de apurar seria contribuir para minar
ainda mais a credibilidade do
Congresso. Em depoimento na
Polícia Federal, a principal envolvida no caso, uma ex-servidora do Ministério da Saúde, afirmou que cerca de "um terço da
Câmara" teria participado do esquema de fraudes de emendas
parlamentares para compra de
ambulâncias. Mais tarde, aumentou a cifra para 283 parlamentares. Diante da gravidade
da denúncia, cruzar os braços seria a pior opção a ser tomada por
deputados e senadores.
Daí a acreditar que haverá punições vai uma grande distância.
Para aprovar uma cassação, são
necessários os votos de 257 dos
513 deputados. Na estimativa
mais otimista -segundo a qual
seriam 170 os envolvidos na máfia das ambulâncias-, os criminosos estariam a apenas 87 votos
de tornar-se a maioria da Casa.
De órgãos independentes do
Congresso, como o Ministério
Público, a PF e a Justiça, se espera que exerçam com seriedade a
tarefa de investigar, apresentar
provas e produzir as sentenças
necessárias nesse rumoroso escândalo. Que o Legislativo, pressionado pela opinião pública, ao
menos discuta e aprove as leis
para dificultar saques sistemáticos ao erário como o revelado no
caso das sanguessugas.
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