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FERNANDO RODRIGUES
Educação e reforma política
BRASÍLIA - "Sem educação generalizada nunca haverá boas eleições; portanto, é preciso atender, o
mais possível, a essa importantíssima consideração". O conselho faz
parte de uma carta redigida em 25
de março de 1876 por dom Pedro 2º
à princesa Isabel, que o substituía à
época como regente do Brasil.
Passaram-se 133 anos. O diagnóstico hoje não é muito diferente, mas
pode ser lido de maneira mais científica num livro recém-lançado,
"The Comparative Study of Electoral Systems" (O estudo comparativo de sistemas eleitorais), editado
por Hans-Dieter Klingemann para
a Oxford University Press. Só está
disponível em inglês (US$ 87,62,
frete incluso, na Amazon).
O estudo investiga as vantagens e
os defeitos dos sistemas eleitorais
em vários países. Muitos partidos,
voto distrital, voto em lista, modelos híbridos (distrital e em lista).
Nenhum é descartado.
Há um capítulo sobre a capacidade de os eleitores reconhecerem
com precisão os candidatos a cargos
públicos. O título vai direto ao ponto: "Sistemas eleitorais são importantes, mas não muito". Depois de
entrevistar cerca de 30 mil pessoas
em 18 países, o resultado é que fatores como"conhecimento geral sobre política" e "educação" são mais
relevantes do que o sistema eleitoral adotado no país.
O conceito de que voto distrital
aproxima mais o eleitor do eleito
não aparece com clareza nas pesquisas. Aliás, nesses modelos os cidadãos também não consideram
que os políticos estejam em sintonia com a opinião pública. "Nós estamos simplesmente forçados a
concluir que há pequena diferença
entre sistemas nos quais se elege
apenas um ou vários representantes por distrito", relata o estudo.
Ao longo das simulações, o fator
educação do eleitor é sempre vital
para obter uma democracia mais
aperfeiçoada. O mesmo conselho
de dom Pedro 2º, há 133 anos.
frodriguesbsb@uol.com.br
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