São Paulo, Quinta-feira, 15 de Julho de 1999
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PAINEL DO LEITOR

Poupança

"Quando li a reportagem do Folhainvest de 12/7, referente à suposta perda pela inflação dos Cr$ 10 mil depositados na poupança em janeiro de 1985, que teriam se convertido em irrisórios R$ 15, achei que havia algo errado e fui conferir, providência que a Redação obviamente não tomou.
Pois bem, a importância mencionada representava apenas 6% do salário mínimo da época (Cr$ 166 mil), ou ainda US$ 3 pelo câmbio oficial então vigente. Que isso fosse suficiente para dar como sinal na compra de um imóvel é um absurdo.
Parece-me que o investimento não foi de todo mau, uma vez que, com R$ 15, hoje, podem-se adquirir não US$ 3, mas US$ 8. É claro que ainda não suficientes para dar de sinal num imóvel..."
Cícero Matthiesen Granja (São Paulo, SP)

"A reportagem de capa do Folhainvest de 12/7 chega às raias da insensatez. Será que o jornalista não se lembrou de fazer contas absolutamente simples, como comparar o investimento de Cr$ 10 mil em 1985 com o valor do dólar norte-americano? Caso aquele depósito tenha sido efetuado em janeiro de 1985, equivalia a aproximadamente US$ 2,79 (o dólar valia Cr$ 3.585 no final do mês). Caso o investidor não seja um joão-de-barro, fica difícil adquirir sua casa.
Fico revoltado com reportagens tão banais quanto as que o Folhainvest publica, pretendendo ser um veículo de informação e formação do jovem investidor."
Antonio Fernando de Azevedo (Curitiba, PR)
Nota da Redação - Leia a seção "Erramos", abaixo.

Qualidade de vida

"O termômetro acusa febre? Jogue-o no lixo e o problema está resolvido! Parece que é assim que o Planalto vê a queda do Brasil para o 51º lugar no chamado "ranking", segundo o Fórum Econômico Mundial, na Suíça.
Em vez de anotar a indicação com a devida cautela e buscar tomar as providências necessárias à reversão do quadro, o governo acusa aquela instituição de equivocar-se em seus instrumentos de medição.
É uma tremenda ilusão dos sentidos essa fome, esse desespero, o desemprego, a falta de perspectiva, os preços crescentes, a violência aumentando, tudo ilusão. A "realidade" planaltina é bem clara: "Os indicadores sociais estão melhores hoje do que estavam em 97". Que bom! Já pensou se houvessem piorado?"
Lázaro Curvêlo Chaves (São José do Rio Pardo, SP)

Interesses privados

"O presidente FHC, no discurso, adota o antipatrimonialismo, mas o Estado brasileiro continua colonizado por grupos privados que, para consecução de seus interesses, não hesitam em prejudicar toda a sociedade.
O caso das telefônicas privatizadas é só mais um exemplo da atuação desses grupos, com o beneplácito do atual governo. Não quero ser pessimista e ficarei feliz se estiver errado, mas pressinto que os brasileiros sofrerão prejuízos, frustrações e abusos do poder econômico que passa a comandar a telefonia nacional, tudo com a omissão deliberada e hipocritamente dissimulada do "neoliberal" governo FHC."
Rubens Goyatá Campante (Belo Horizonte, MG)

Crise do federalismo

"Quando o governador de Minas, Itamar Franco, falou da crise do federalismo no Brasil, a mídia e a elite política, principalmente a "social-democrata", logo o destrataram. Hoje, vendo a orgia dos incentivos com o nosso dinheiro para uma multinacional ficar na Bahia, sob a bênção do grão-vizir do Bonfim, a federalização da dívida do município de São Paulo e do Estado de Santa Catarina, a perseguição sistemática aos Estados governados pela oposição ao imperador, fico esperando o desfecho dessa guerra: o fim da Federação, com o surgimento de 27 novos países. Aí eu quero ver o poder do painho baiano."
Hércules Guerra (Belo Horizonte, MG)

Ford

"Com todas essas "briguinhas" políticas, todos esquecem ou fazem vista grossa para o fato de que o maior beneficiário da "Operação Ford" não é a Bahia ou qualquer outro Estado. É claro que todos lutamos por um país sem tantas desigualdades regionais e que a Bahia mais do que merece melhores condições econômicas e de trabalho. Mas quem está realmente ganhando? A Ford, é claro!"
Rodrigo José Firmino (São Carlos, SP)

Educação

"Mesmo com toda a admiração pelo professor Rubem Alves, não posso concordar com seu artigo "O rio São Francisco no Paraná" (pág. 1-3, Opinião, 11/7). Não podemos aceitar a idéia de conhecimento inútil. Como biólogo que sou, não considero nenhum dos conhecimentos que adquiri na física, química, geografia, geologia, astronomia, história, filosofia, literatura, música etc. como inúteis.
Posso concordar com o pensamento sobre o que é necessário para fazer uma boa matemática: papel, lápis e cérebro. Não posso, porém, concordar com a extensão de que para fazer ciência bastam olho e cérebro.
São necessários, sim, bons laboratórios, ou melhor, ótimos laboratórios. Num momento em que as universidades sofrem com a falta de verbas, o discurso do professor Alves ofereceu um argumento extremamente negativo para a luta por melhores condições de ensino e pesquisa."
Luiz Edmundo de Magalhães (São Paulo, SP)

"Em meio às polêmicas discussões e análises sobre a educação no país, muitas recheadas de hipocrisia, gostaria de parabenizar o professor Rubem Alves pelo artigo "O rio São Francisco no Paraná".
Precisamos de uma mudança filosófica imediata na maneira de educar. Para isso precisamos de pessoas como ele para nos iluminar com frases como "Conhecimento que não cifra a vida e não ilumina o mundo não é conhecimento. É enganação. Não importa que tire nota alta no provão"."
Antonio Pedro Sabedotti (Ponta Grossa, PR)

Fechamento dos bares

"Nós, pobres vizinhos de bares, restaurantes e danceterias que não têm acústica alguma, que sempre fomos obrigados a conviver com gritarias, buzinas, alarmes de carro, baixarias, quando estão todos no auge da embriaguez, vamos poder dormir em paz!"
Evanir Solé (São Paulo, SP)

Catedral da Sé

"Que país é este em que um arcebispo e um padre da Igreja Católica vão ao presidente da República pleitear verbas públicas para reformar templos de sua Igreja? Que direito têm eles de querer usar o meu imposto e o de milhões de cidadãos não-católicos? Qual teria sido a reação desses senhores e da mídia se um líder evangélico ou budista tivesse feito o mesmo?"
Roberto Croitor (São Paulo, SP)


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