São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

Petrobrás: bom exemplo para a iniciativa privada

Foi no início da década de 50. A campanha foi dura, mas o entusiasmo contagiou toda a nação. Com a palavra de ordem "o petróleo é nosso", a batalha tornou-se gloriosa. Nasceu a Petrobras.
Sua produção inicial foi de míseros 3.000 barris de petróleo por dia. Os céticos viam a empresa como condenada à morte. Os mais otimistas achavam que ela conseguiria produzir, no máximo, 500 mil barris por dia. Nada disso aconteceu.
As metas da empresa foram sistematicamente ultrapassadas. Hoje, a Petrobras produz cerca de 1,3 milhão de barris por dia e, segundo suas próprias previsões, produzirá 1,85 milhão por dia no final de 2005, dando ao Brasil a confortável situação de auto-suficiência em petróleo.
A notícia veio em boa hora, pois o barril de petróleo chegou a ser cotado a US$ 45 na semana passada. Mesmo que abaixe para o nível dos US$ 40, ou até mesmo US$ 35, a auto-suficiência proporcionará uma bela economia. É bom lembrar que, no período das crises de petróleo -de 1973 a 1979-, o Brasil produzia apenas 25% do petróleo que consumia. Cerca de 85% das despesas de importação eram com o precioso "ouro verde". Os próprios conhecimentos da Petrobras eram importados.
Hoje, o quadro virou. Estamos perto da auto-suficiência. Reduzimos drasticamente as despesas com importação. E a Petrobras tornou-se referência mundial por sua alta competência em exploração de petróleo em águas profundas.
O prestígio internacional da Petrobras é reconhecido a cada dia. A empresa consegue captar centenas de milhões de dólares com títulos próprios que são colocados, com a maior facilidade, no mercado financeiro dos países mais exigentes. A Petrobras desfruta, assim, da mais alta credibilidade mundial.
Num momento como este, os políticos são tentados a creditar em sua própria conta os feitos da empresa. Mas a Petrobras é maior do que a política. O capital mais precioso da empresa é a sua reserva de talentos. São técnicos que receberam o melhor treinamento do mundo ao longo de várias décadas e que desenvolveram pesquisas próprias com o conhecimento acumulado.
A empresa é, antes de tudo, um símbolo da competente engenharia nacional. Quando se acabou com o monopólio do petróleo, muitos temiam um abalo na Petrobras. Ocorreu o contrário. As empresas estrangeiras que para cá vieram só querem saber de negócios conjuntos com a empresa brasileira. Elas sabem que jamais conseguirão, no médio prazo, reunir a inteligência que domina os quadros técnicos da Petrobras.
O Brasil já tem o que mostrar no campo da ciência e tecnologia. O país está na vanguarda da pesquisa agropecuária com a Embrapa, na vanguarda da fabricação de aviões a jato com a Embraer, na da descoberta de genomas de animais e de plantas, apoiada pela Fapesp, e na da exploração de petróleo em águas profundas com a Petrobras. O triunfo, portanto, é dos pesquisadores.
Eles estão de parabéns, pois se revelaram como os sustentáculos dos grandes feitos do Brasil moderno.


Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.


Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: O batizado da bruxinha
Próximo Texto: Frases

Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.