São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TENDÊNCIAS/DEBATES

Por uma São Paulo ainda melhor

MARTA SUPLICY

Tenho certeza de que São Paulo é hoje uma cidade muito melhor para todos, em comparação com 2001.
Quando assumi, São Paulo sofria com os desmandos de governos anteriores. Nossa cidade era sinônimo de denúncias de corrupção, falta de investimento social, ruas e praças abandonadas, escolas sucateadas, transporte desorganizado e uma saúde de péssima qualidade. Em suma, um quadro degradante. Mas enfrentamos os problemas, um a um.
Com menos dinheiro, fizemos muito mais do que governos anteriores. Em razão do acordo feito entre Pitta e FHC, 13% do Orçamento está comprometido com o pagamento da dívida com a União. Ou seja, já pagamos, na minha gestão, R$ 3,5 bilhões de uma dívida que não é minha. Vou repetir: são R$ 100 milhões por mês, dinheiro suficiente para construir dois hospitais a cada 30 dias. Apesar dessas limitações, cumprimos praticamente todos os nossos compromissos de campanha.
O centro histórico da cidade, por exemplo, está mais limpo, mais seguro e mais iluminado. Assim, as empresas e os moradores estão voltando à região, historicamente abandonada pelo poder público. Hoje temos, ainda, o maior conjunto de programas sociais em um único município no mundo. O Renda Mínima já beneficia mais de 200 mil famílias, garantindo um rendimento mensal condicionado à presença das crianças na escola.
Do CEU (Centro Educacional Unificado) todos ouviram falar. Com piscinas, biblioteca, computadores, teatro, cinema e oficinas culturais, tornou-se referência mundial e mudou a rotina dos bairros, uma vez que abre aos finais de semana para toda a comunidade. São 21 em toda a cidade. Mesmo assim, muita gente nunca viu um. Isso porque eles não foram construídos nas marginais, para servir de outdoor. Eles estão nos fundões das zonas Leste e Sul, encravados nas áreas de maior pobreza e violência de São Paulo.
E, se eu puder concluir meu trabalho, no meu segundo mandato todo aluno matriculado na rede municipal irá usufruir do CEU. E como faremos isso? Já temos 24 novos centros licitados. Com 45 unidades, todo aluno da rede ou estará matriculado no CEU ou estudará em uma escola vizinha, mas poderá freqüentar aulas de natação, informática ou participar do teatro no centro mais próximo de sua escola. E, nos finais de semana, os pais podem assistir um filme ou uma peça com os filhos. Tudo gratuito, inédito e de primeira qualidade.


Hoje temos o maior conjunto de programas sociais em um único município no mundo
Ao todo, criamos 200 mil vagas novas no ensino municipal. Só em creches foram mais vagas que nas três gestões anteriores juntas. Distribuímos uniforme, material escolar e merenda de qualidade para 1 milhão de crianças. E asseguramos transporte escolar gratuito para 100 mil alunos que moram a mais de 2 km da escola.
No transporte público, outra revolução. Quando assumimos, eram milhares de peruas clandestinas, levando insegurança a motoristas e passageiros. Hoje as linhas foram organizadas e 8.000 novos ônibus estão nas ruas. Os novos e modernos Passa-Rápido substituíram aqueles horríveis corredores com grades e muretas, como os da avenida Nove de Julho. A cereja do bolo dessa transformação foi o Bilhete Único, uma iniciativa de aprovação e sucesso, que permite ao usuário pegar quantas conduções precisar durante duas horas.
Tenho dito que não estou satisfeita com a saúde. E quem pode estar satisfeito quando o país ocupa (segundo o último levantamento, de 2002) a 111º posição entre 170 países no ranking da ONU no item saúde? Em São Paulo ainda há muito o que fazer. Assumimos uma terra arrasada pelo colapso do PAS, vítima de desmandos e sucateamento, além de ter impedido a cidade de receber R$ 100 milhões por ano de repasse do SUS. Acabamos com essa aberração e estamos reestruturando todo o sistema. Já quintuplicamos o número de ambulâncias, derrubamos o número de casos de Aids e dengue e implantamos o maior Programa Saúde de Família do Brasil, com 700 equipes atendendo a 3 milhões de pessoas. Um novo hospital em Cidade Tiradentes abre suas portas no primeiro semestre de 2005, e vamos construir um segundo em M'Boi Mirim.
Passamos de R$ 11 milhões a R$ 65 milhões na distribuição gratuita de remédios e criamos 16 farmácias populares, com remédios a preço de custo. Em três meses, começaremos a distribuição de remédios pelo correio, após cadastrar os pacientes com doenças crônicas.
Não é pouco, mas ainda não estou satisfeita. Mesmo tendo contratado muitos médicos, ainda faltam médicos na periferia, pois a violência intimida. A questão do atendimento e do prazo das consultas exige um esforço redobrado. Quatro anos é pouco para resolver tudo, ainda mais com a falta de dinheiro. Para isso existe a reeleição, para dar possibilidade de completar o trabalho iniciado.
Minha intenção, se o povo me der essa oportunidade, é fazer uma rede CEU na saúde, melhorando de vez o drama do atendimento na rede pública. Ao mesmo tempo daremos continuidade ao que fizemos no transporte, nos projetos sociais e concluirei a rede CEU na educação. Terei realizado assim o objetivo de uma cidade melhor, mais justa e humana.

Marta Suplicy, 59, psicanalista, prefeita do município de São Paulo, pelo PT, é candidata à reeleição.


Texto Anterior: Frases

Próximo Texto: José Serra: Chutando a escada

Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.