São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 2006

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ELIANE CANTANHÊDE

A nova luta armada

BRASÍLIA - Como mostrou ontem o "Painel", "o PCC faz o caminho inverso aos das Farc, que começaram na política e migraram para o crime". As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia surgiram em 1964 como guerrilha atrelada ao Partido Comunista. Já nos anos 1980, a "causa" passou a se financiar com o tráfico de drogas e com seqüestros (3.000 por ano). As Farc chegaram a ter 18 mil membros em 80% do território colombiano, com um saldo de 30 mil mortos. Lá pelas tantas, o governo admitiu a derrota, abrindo mão de 42 mil km2 para a guerrilha e criando, assim, um Estado dentro do Estado. No fim, partiu para a ignorância: chamou o Exército dos EUA. No Brasil, o Primeiro Comando da Capital foi criado por traficantes de drogas dentro das cadeias (sob as barbas e o controle do Estado). Agora, já muito bem organizado, com líderes fortes e um exército próprio, está em busca de uma "causa". E de emoções. Numa lógica política, não comercial, foi da matança de policiais para a explosão de prédios públicos até chegar a um seqüestro com típica tática terrorista: a vítima foi devolvida ilesa, depois de a maior rede de TV transmitir o vídeo de um encapuzado lendo um manifesto clamando por "justiça". As Farc já atuam há 40 anos, mas o "nosso" PCC está só começando. E não dá para gritar "socorro!" para os americanos. Iria contra a política externa brasileira (seja petista, seja tucana), com um agravante: Chávez está armando a Venezuela até os dentes... na Rússia. Guerra por guerra, a caseira é mais segura. O fosso social produziu a criminalidade, que se confunde agora com a política e viceja na corrupção. O Estado tateia, impotente. Na Colômbia, os EUA meteram os pés e as botas. Na Venezuela, deu Chávez. Na Bolívia, Evo Morales. No Brasil, dá Marcola. Por ora.

elianec@uol.com.br


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