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Sem defesa
UM DOS problemas mais difíceis de equacionar em
São Paulo é o da aritmética prisional. O Estado é um dos
que melhor cumprem sua obrigação de prender criminosos.
Com 21% da população brasileira, concentra um terço dos cerca
de 420 mil presos do país.
Só que a tarefa de punir quem
viola a lei já esbarra em limites físicos. O déficit de vagas nas prisões já chega a 42 mil. Segundo
dados da Secretaria da Administração Penitenciária, há 138.919
presos para 96.546 vagas em 146
presídios. Apenas acomodar
quem já está preso exigiria a
construção de 60 novas unidades. Há duas em obras.
Isso tudo sem considerar os
mandados de prisão não-executados (são 550 mil no país todo) e
os novos delitos que serão cometidos. O quadro piora ainda mais
se projetarmos -como todos desejamos- uma polícia mais eficiente, com melhores índices de
solução de crimes.
Resolver a equação dos presídios vai exigir não apenas a criação de mais vagas como também
a soltura de presos que não representem perigo à sociedade.
Vale lembrar que muitos só estão
encarcerados porque não contaram com uma defesa competente. É fundamental, como destacou em artigo nesta Folha o professor da USP Sérgio Salomão
Shecaira, reforçar a recém-criada Defensoria Pública de São
Paulo, que presta assistência judiciária à população pobre.
O órgão tem 400 defensores
(190 na área penal), mas precisaria ser ampliado para cumprir
sua função. Reforçar a Defensoria é necessário para que todos
possam gozar de fato do direito
constitucional à ampla defesa.
É inegável também que uma
melhor assistência ajudaria a reduzir a crise carcerária. Dos quase 140 mil presos, 19 mil (13,6%)
foram condenados a penas de
até quatro anos, que poderiam,
em muitos casos, ser substituídas por prestação alternativa.
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