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ELIANE CANTANHÊDE
O clima está nervoso
BRASÍLIA - A CNT-Sensus, com
uma diferença de apenas quatro
pontos entre Dilma Rousseff e José
Serra, está causando o maior frisson. Na campanha petista, o clima
é de ansiedade. Na tucana, quase
de "já ganhou". É aí que mora o perigo para os dois lados.
A campanha de Dilma amanheceu no dia 4 atordoada e vem dando passos erráticos, enquanto a
candidata expõe dois personagens
conflitantes: o seu eu "assertivo" e
o seu eu carola, rezando de manhã
com católicos, de tarde com evangélicos, de noite com espíritas.
Nunca rezou tanto na vida.
Já a campanha de Serra ressurgiu das cinzas e acha que qualquer
pontinho a mais é sinal de vitória
na certa. Os programas eleitorais
estão mais alegres e confiantes,
mas falta combinar o tom com o
"adversário": o próprio Serra, que
não pode ver um jornalista pela
frente, seja de rádio, jornal ou TV,
que já parte para o bate-boca. É o
seu arraigado lado Ciro Gomes.
Quando não têm como se defender, a religiosa Dilma e o ciclotímico Serra recorrem ao expediente de
Lula, que, sempre que é pego de jeito (com mensalão, aloprados, Erenice), se faz de vítima e tasca a história do preconceito das elites.
Dilma diz que é vítima de calúnias do adversário e da imprensa,
quando deveria tomar satisfação de
Erenice Guerra e de ministros que
decidem jogar no lixo o plano de
Marina Silva para a Amazônia justamente quando ela mais precisa
dos votos da ex-ministra e do PV.
E Serra acusa a imprensa de reproduzir a "pauta petista" quando
repórteres lhe perguntam sobre o
tal "Paulo Preto" (que, segundo Dilma, fugiu com R$ 4 milhões da
campanha do PSDB). Se não tem
resposta, é problema dele, não da
imprensa, não dos jornalistas.
Dilma em queda, Serra em alta e
o resultado indefinido a duas semanas das urnas, o clima é de que a
qualquer hora estoura um novo escândalo, real ou não. Ainda mais
com a internet livre, leve e solta.
elianec@uol.com.br
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