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HISTÓRIA OBSCURA
A Polícia Federal do Rio de Janeiro terá de encontrar uma outra explicação para o assassinato do
assistente de cozinha Antônio Abreu
na carceragem da delegacia da corporação no centro da capital fluminense. Com o laudo do IML, que
confirma indícios de uma morte bárbara após tortura, cai por terra a hipótese, que consta de boletim de
ocorrência registrado pelo delegado
responsável pelo plantão, de que o
homicídio teria sido praticado por
companheiros de cela de Abreu.
Para o secretário nacional dos Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro, a versão do delegado não
passa de "uma história da carochinha, insustentável". Desde que se
soube do assassinato, a hipótese de
que o crime fora cometido por um
dos dois homens que faziam companhia a Abreu na cela já soava despropositada. Os dois indivíduos estavam
feridos, pois haviam sido baleados.
Abreu, por sua vez, dera entrada na
delegacia fisicamente preservado. E
o crime, pela descrição do laudo da
necropsia, foi perpetrado por espancamento, com o uso de objeto contundente.
Abreu foi preso como suspeito de
ter assassinado um policial federal
lotado na mesma delegacia em que
foi encarcerado. Ou seja, era vítima
em potencial de um ato de vingança.
Essa é a hipótese a ser investigada.
Nenhum cidadão está a salvo -seja ele culpado ou inocente- quando
policiais se dão o direito de torturar,
"julgar" e "executar penas". A prática, infelizmente rotineira no Brasil e
motivo de reiteradas condenações
internacionais do país, é vergonhosa
e só pode ser coibida aplicando-se o
rigor da lei. A PF, corporação ligada
diretamente ao Executivo federal, deveria ser o exemplo máximo de respeito aos direitos humanos entre as
polícias do país. Deveria, portanto,
ser a primeira interessada em que se
levem às últimas consequências as
investigações desse caso e as punições dele decorrentes.
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