|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Recaída no Líbano
O LÍBANO atravessa mais
uma crise política grave. O
governo do premiê Fuad
Siniora está novamente acuado
pelo Hizbollah, a milícia extremista apoiada por Síria e Irã.
Hassan Nasrallah, o líder do
Hizbollah, ameaça levar a população às ruas para tentar forçar
mudanças no governo. Na semana passada, os cinco ministros do
Hizbollah que integravam o gabinete renunciaram, elevando a
tensão. O mesmo caminho tomou o único ministro fiel ao impopular presidente Émile Lahoud, cristão pró-sírio.
O nó da discórdia é a moção recém-aprovada pelo Parlamento
de apoio ao planos da ONU de
criar um tribunal internacional
para julgar os responsáveis pelo
assassinato do ex-premiê Rafik
Hariri (1992-98 e 2000-2004),
morto num atentado no início de
2005. Investigações conduzidas
pelas Nações Unidas apontam
para a participação de importantes autoridades sírias.
É a primeira vez, desde os acordos de Taif, de 1989, que puseram fim à guerra civil, que os xiitas ficam fora do governo. O Hizbollah se sente fortalecido após
ter resistido a 34 dias de guerra
contra Israel. Boa parte da população libanesa vê o grupo como o
verdadeiro exército do país.
Por ora, EUA e o Ocidente estão apoiando o governo de Siniora, que ainda conserva mais de
2/3 do Parlamento. A situação,
porém, pode mudar. Principalmente após a vitória dos democratas nas legislativas dos EUA,
vai crescendo a pressão para o
presidente Bush voltar a negociar com a Síria, o que seria bom.
Damasco se afastaria do Irã e
ajudaria Washington a tentar
controlar o caos no Iraque em
troca da devolução das colinas de
Golã (tomadas por Israel em
1973). É provável, contudo, que a
Síria também exija retomar o
controle sobre o Líbano, o que
seria um retrocesso. Resta saber
se, em nome de algum alívio no
Iraque, os EUA abandonarão o
governo Siniora.
Texto Anterior: Editoriais: Gargalo na inovação Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Devolvam meu ingresso Índice
|