São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 2006

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Recaída no Líbano

O LÍBANO atravessa mais uma crise política grave. O governo do premiê Fuad Siniora está novamente acuado pelo Hizbollah, a milícia extremista apoiada por Síria e Irã.
Hassan Nasrallah, o líder do Hizbollah, ameaça levar a população às ruas para tentar forçar mudanças no governo. Na semana passada, os cinco ministros do Hizbollah que integravam o gabinete renunciaram, elevando a tensão. O mesmo caminho tomou o único ministro fiel ao impopular presidente Émile Lahoud, cristão pró-sírio.
O nó da discórdia é a moção recém-aprovada pelo Parlamento de apoio ao planos da ONU de criar um tribunal internacional para julgar os responsáveis pelo assassinato do ex-premiê Rafik Hariri (1992-98 e 2000-2004), morto num atentado no início de 2005. Investigações conduzidas pelas Nações Unidas apontam para a participação de importantes autoridades sírias.
É a primeira vez, desde os acordos de Taif, de 1989, que puseram fim à guerra civil, que os xiitas ficam fora do governo. O Hizbollah se sente fortalecido após ter resistido a 34 dias de guerra contra Israel. Boa parte da população libanesa vê o grupo como o verdadeiro exército do país.
Por ora, EUA e o Ocidente estão apoiando o governo de Siniora, que ainda conserva mais de 2/3 do Parlamento. A situação, porém, pode mudar. Principalmente após a vitória dos democratas nas legislativas dos EUA, vai crescendo a pressão para o presidente Bush voltar a negociar com a Síria, o que seria bom.
Damasco se afastaria do Irã e ajudaria Washington a tentar controlar o caos no Iraque em troca da devolução das colinas de Golã (tomadas por Israel em 1973). É provável, contudo, que a Síria também exija retomar o controle sobre o Líbano, o que seria um retrocesso. Resta saber se, em nome de algum alívio no Iraque, os EUA abandonarão o governo Siniora.


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