São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 2006

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PAINEL DO LEITOR

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Ortotanásia
"Considero lamentáveis as manifestações de alguns colegas advogados e ditos "juristas" contra a resolução do Conselho Federal de Medicina sobre a ortotanásia -a permissão para que se morra em paz, sem o uso abusivo de tecnologia no final da vida.
Meu mestrado em direito (2000/2001) fundamentou a possibilidade jurídica das estratégias médicas de limitação de tratamento que permitem uma morte digna. Achei que o tema já se havia esgotado. Entretanto, é surpreendente o atraso do meio jurídico na interpretação das leis, conseguindo se posicionar atrás da tão criticada Igreja Católica, que, sabiamente, declarou em 1980 (Declaração sobre a Eutanásia) que "a renúncia a meios extraordinários ou desproporcionados não equivale ao suicídio ou à eutanásia; exprime, antes, a aceitação da condição humana defronte à morte"."
LÍVIA PITHAN, advogada, professora da Faculdade de Direito da PUC-RS (Porto Alegre, RS)

"A OAB-SP lança uma lista de desafetos, avocando a si o direito de ditar sentença e condenar pessoas. Ao mesmo tempo, o presidente da sua Comissão de Bioética e Biodireito interpreta singelamente a humana resolução do CFM que visa à dignidade do paciente terminal, dizendo que se trata de auxílio ou de prática de homicídio.
Na síntese dos fatos acima, temos uma total omissão dos princípios éticos emanados da Constituição da República, estrangulando o debate e esvaziando a democracia.
Parabéns ao CFM pela resolução, que permite a discussão em patamar elevado."
ADRIANA GRAGNANI, socióloga e advogada (São Paulo, SP)

Acidente da Gol
"A recusa do Cenipa (Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) de entregar os dados sigilosos dos gravadores de voz e de vôo ("caixas-pretas') dos aviões envolvidos no acidente em Mato Grosso não decorre só de "regulamentos militares" ("Juiz exige envio de dados do caso Gol à PF", Cotidiano, 14/11).
A instalação desse tipo de gravadores nas aeronaves, a partir da década de 1960, foi cercada de muita polêmica, já que a Federação Internacional de Pilotos alegava que o equipamento poderia ser usado para auto-incriminar os tripulantes. Um acordo internacional, incluído no anexo 13 da Organização de Aviação Internacional (Icao), consagrou o conceito de que os dados dos gravadores só podem ser utilizados na investigação oficial, e esta, por sua vez, só pode se destinar à prevenção de novos acidentes.
A insistência do juiz de Sinop (MT) em ver esses dados é uma violação flagrante de um acordo internacional referendado pelo Senado brasileiro e, portanto, com força de lei em nosso país."
PEDRO GOLDENSTEIN, piloto de linha aérea (Itatiba, SP)

Meirelles, o goleiro
"Se, no jogo pelo desenvolvimento, o presidente do Banco Central se posiciona como goleiro, realmente não pode ser censurado por não fazer gol. O problema é que, quando de posse da bola, ele nunca a lança ao ataque. Ao contrário, concede escanteios ao adversário."
JAERT JACÓ SOBANSKI (São Paulo, SP)

Greve dos residentes
"A reivindicação de reajuste no valor da bolsa é mais do que justa diante da dimensão e da responsabilidade do trabalho realizado pelos médicos residentes. No entanto, as reivindicações não se limitam a esse ponto.
Queremos uma garantia de que vai haver aumento no Orçamento para a residência médica no Estado de São Paulo, maior financiador de bolsas no país, de modo a cobrir o reajuste, sem que ocorra corte de vagas, o que seria extremamente prejudicial para a formação médica e para a qualidade da atenção prestada à população.
É preciso também que a composição, a estrutura e o funcionamento dos órgãos que regulamentam a residência médica sejam revistos, já que eles não conseguem intervir sobre fatos absurdos, como a carga horária excessiva -que muitas vezes ultrapassa 100 horas semanais e chega a 48 horas seguidas de atividades- e a ausência de supervisão em serviço.
Por outro lado, as mudanças na residência médica devem estar articuladas a políticas para especialização que venham atender as necessidades de saúde da população. A saúde é um direito universal garantido pela Constituição Federal e é dever do Estado provê-la da melhor maneira possível. Nossa luta é de todos aqueles que desejam que seja garantido o direito de acesso de qualidade a todas as tecnologias necessárias para promover, prevenir, curar e reabilitar a saúde."
HELENA LEMOS PETTA, presidente da Associação dos Médicos Residentes do Estado de São Paulo e ADRIANO MASSUDA, coordenador do comando de greve do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

"Em 1984, os médicos residentes fizeram uma histórica greve, que regulamentou a residência médica e lançou novas lideranças, como Jandira Feghali e Agnelo Queiroz. Todavia o problema de então persiste, e o editorial de ontem desta Folha ("O protesto dos residentes", Opinião) dá o diagnóstico: o que deveria ser um período de aprendizado sob supervisão virou fonte de mão-de-obra barata."
EDEMAR AFONSO GONÇALVES, médico pediatra formado pela UFMG em 1983 (Jaru, RO)

Separação
"Merece registro e elogios a maestria com que Betty Milan expôs a separação de Marília Gabriela e Gianecchini ("Separação exemplar", "Tendências/Debates", 13/11). Além de ir ao âmago da nobreza com que ambos se respeitam após o desenlace, Milan incursiona também no coração da ética jornalística, tão arranhada nos dias de hoje."
SEVERINO LUIZ DE ARAÚJO (Recife, PE)

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