São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Deixa o homem trabalhar, sim, senhor!

GILBERTO CARVALHO

Lula sabe que os próximos quatro anos são a grande chance que recebeu do povo brasileiro para realizar tudo o que ele sonha para o país

A REELEIÇÃO do presidente Lula por expressiva maioria representa uma avaliação que o povo brasileiro fez de seu governo, de seu desempenho nestes primeiros quatro anos e projeta uma esperança -e uma confiança em seu trabalho- para o próximo período. O que parece uma obviedade não foi assimilado por algumas pessoas.
Um exemplo desse fenômeno é o professor Marco Villa, que, pela terceira vez, em artigo publicado há duas semanas nesta Folha, tenta demonstrar que Lula tem sido um presidente inepto, que trabalha pouco, com uma agenda sem lógica, realizando um governo de baixa qualidade.
Fosse resultado de pesquisa séria e extensiva, a crítica do professor mereceria respeito e consideração, mesmo contrastando opinião da maioria.
O problema é que, pela terceira vez, ele tenta iludir o leitor com citações impressionantemente falsas sem o menor pudor. Essa atitude não ajuda o debate democrático.
Preciso insistir num convite já feito: Villa, para não escrever tantas inverdades e tirar conclusões tão colidentes com a realidade, deveria, ele sim, trabalhar um pouco mais, investigar seu objeto de pesquisa a partir de enfoques variados e não se contentar em analisar de maneira tão superficial a informação de um site que não tem função de relatório de trabalho.
Bastaria que conversasse, volto a sugerir, com um dos insuspeitos jornalistas que cobrem diariamente o Planalto, bastaria que falasse com funcionários de carreira que acompanham há muito o trabalho de sucessivos presidentes para ter uma informação diametralmente oposta à que tenta propalar: o presidente Lula trabalha -e trabalha muito-, e o resultado de seu governo, aprovado e reeleito pela maioria, é o fruto desse intenso e fecundo trabalho.
Uma das marcas deste presidente é justamente o amor quase fanático pelo trabalho. Um dos seus segredos, em meio às crises vividas por seu governo, foi justamente determinar que o governo não parasse.
Lembro-me dos momentos em que eu mesmo, vítima da perseguição da famosa CPI do fim do mundo, recebia do presidente a determinação de não parar, de trabalhar mais ainda... Foi assim que, quando a espuma do espetáculo político armado baixou, emergiu o conjunto da obra deste governo, que lhe assegurou uma vitória que, para muitos dos famosos colunistas e "formadores de opinião", se tornara impossível. Isso foi fruto de duro trabalho, meu caro professor.
Não posso tomar este espaço lembrando todas as inverdades arroladas pelo professor, mas, para ilustrar, cito algumas: não é verdade que o presidente foi a São Paulo no dia 27 de janeiro só para visitar o Memorial do Corinthians. Após cumprir exaustiva agenda, visitando um assentamento em Três Lagoas (MS), o presidente se deslocou para São Paulo para participar da homenagem às vítimas do Holocausto e aproveitou para passar, rapidamente, pelo memorial corintiano. Por que mentir e omitir?
Da mesma forma, não é verdade que a jornada de trabalho do presidente diminuiu nos últimos tempos. Menos ainda a afirmação absurda de que o presidente teria abolido as segundas e sextas-feiras da agenda.
Em artigo anterior, o professor criticara o presidente por ter poucos compromissos no dia 21 de abril. Ele só se esqueceu de que 21 de abril é feriado nacional. O presidente trabalha num feriado e é criticado... O professor cita ainda uma entrevista que teria sido dada nesse dia 21 e que nunca fora ao ar. Mentira de novo. Se ele cuidasse de ligar para o SBT, veria que a entrevista foi exibida no dia 30 de abril. E assim por diante. Não dá, não dá para dialogar com a desonestidade intelectual, com a pouca vontade de pesquisar, com a má-fé.
Prefiro, sim, afirmar que Lula não parou desde o dia das eleições. Afora quatro dias de descanso em Salvador, trabalha duro, empenhando-se em preparar o segundo governo de modo a aprender com os erros e os acertos, atacando os problemas, exigindo projetos, propostas e, ao mesmo tempo, dialogando com as forças políticas para a construção de uma base de governabilidade sólida e estável.
O leitor pode ter certeza de que o presidente tem plena consciência de que estes próximos quatro anos são, para o país, e para ele em particular, o que os gregos chamavam de "kayrós", ou seja, o "tempo oportuno", o tempo por excelência. Ele sabe que é a grande chance que ele recebeu do povo brasileiro para realizar, agora mais maduro e experiente, e tendo preparado o terreno, tudo aquilo que ele sonha para o país e aquilo que o povo determinou com sua reeleição.
Por isso é que está dando tudo de si, sem trégua nem folga, para realizar essa obra. Azar de quem tem de acompanhar esse ritmo e dar condições para esse trabalho. Sorte do povo brasileiro, que escolheu um presidente trabalhador para dirigir esta nação. Portanto, sem mentiras nem falsidades, vamos deixar o homem trabalhar... E contribuir para que o país cresça e se desenvolva, com justiça e eqüidade.


GILBERTO CARVALHO, 55, é o chefe do Gabinete Pessoal do presidente da República.

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