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TENDÊNCIAS/DEBATES
Deixa o homem trabalhar, sim, senhor!
GILBERTO CARVALHO
Lula sabe que os próximos quatro anos são a grande chance que recebeu do povo brasileiro para realizar tudo o que ele sonha para o país
A REELEIÇÃO do presidente Lula por expressiva maioria representa uma avaliação que o
povo brasileiro fez de seu governo, de
seu desempenho nestes primeiros
quatro anos e projeta uma esperança
-e uma confiança em seu trabalho-
para o próximo período. O que parece
uma obviedade não foi assimilado por
algumas pessoas.
Um exemplo desse fenômeno é o
professor Marco Villa, que, pela terceira vez, em artigo publicado há duas
semanas nesta Folha, tenta demonstrar que Lula tem sido um presidente
inepto, que trabalha pouco, com uma
agenda sem lógica, realizando um governo de baixa qualidade.
Fosse resultado de pesquisa séria e
extensiva, a crítica do professor mereceria respeito e consideração, mesmo contrastando opinião da maioria.
O problema é que, pela terceira vez,
ele tenta iludir o leitor com citações
impressionantemente falsas sem o
menor pudor. Essa atitude não ajuda
o debate democrático.
Preciso insistir num convite já feito: Villa, para não escrever tantas inverdades e tirar conclusões tão colidentes com a realidade, deveria, ele
sim, trabalhar um pouco mais, investigar seu objeto de pesquisa a partir
de enfoques variados e não se contentar em analisar de maneira tão superficial a informação de um site que não
tem função de relatório de trabalho.
Bastaria que conversasse, volto a
sugerir, com um dos insuspeitos jornalistas que cobrem diariamente o
Planalto, bastaria que falasse com
funcionários de carreira que acompanham há muito o trabalho de sucessivos presidentes para ter uma informação diametralmente oposta à que
tenta propalar: o presidente Lula trabalha -e trabalha muito-, e o resultado de seu governo, aprovado e reeleito pela maioria, é o fruto desse intenso e fecundo trabalho.
Uma das marcas deste presidente é
justamente o amor quase fanático pelo trabalho. Um dos seus segredos,
em meio às crises vividas por seu governo, foi justamente determinar que
o governo não parasse.
Lembro-me dos momentos em que
eu mesmo, vítima da perseguição da
famosa CPI do fim do mundo, recebia
do presidente a determinação de não
parar, de trabalhar mais ainda... Foi
assim que, quando a espuma do espetáculo político armado baixou, emergiu o conjunto da obra deste governo,
que lhe assegurou uma vitória que,
para muitos dos famosos colunistas e
"formadores de opinião", se tornara
impossível. Isso foi fruto de duro trabalho, meu caro professor.
Não posso tomar este espaço lembrando todas as inverdades arroladas
pelo professor, mas, para ilustrar, cito
algumas: não é verdade que o presidente foi a São Paulo no dia 27 de janeiro só para visitar o Memorial do
Corinthians. Após cumprir exaustiva
agenda, visitando um assentamento
em Três Lagoas (MS), o presidente se
deslocou para São Paulo para participar da homenagem às vítimas do Holocausto e aproveitou para passar, rapidamente, pelo memorial corintiano. Por que mentir e omitir?
Da mesma forma, não é verdade
que a jornada de trabalho do presidente diminuiu nos últimos tempos.
Menos ainda a afirmação absurda de
que o presidente teria abolido as segundas e sextas-feiras da agenda.
Em artigo anterior, o professor criticara o presidente por ter poucos
compromissos no dia 21 de abril. Ele
só se esqueceu de que 21 de abril é feriado nacional. O presidente trabalha
num feriado e é criticado... O professor cita ainda uma entrevista que teria sido dada nesse dia 21 e que nunca
fora ao ar. Mentira de novo. Se ele
cuidasse de ligar para o SBT, veria
que a entrevista foi exibida no dia 30
de abril. E assim por diante. Não dá,
não dá para dialogar com a desonestidade intelectual, com a pouca vontade de pesquisar, com a má-fé.
Prefiro, sim, afirmar que Lula não
parou desde o dia das eleições. Afora
quatro dias de descanso em Salvador,
trabalha duro, empenhando-se em
preparar o segundo governo de modo
a aprender com os erros e os acertos,
atacando os problemas, exigindo projetos, propostas e, ao mesmo tempo,
dialogando com as forças políticas
para a construção de uma base de governabilidade sólida e estável.
O leitor pode ter certeza de que o
presidente tem plena consciência de
que estes próximos quatro anos são,
para o país, e para ele em particular, o
que os gregos chamavam de "kayrós",
ou seja, o "tempo oportuno", o tempo
por excelência. Ele sabe que é a grande chance que ele recebeu do povo
brasileiro para realizar, agora mais
maduro e experiente, e tendo preparado o terreno, tudo aquilo que ele
sonha para o país e aquilo que o povo
determinou com sua reeleição.
Por isso é que está dando tudo de si,
sem trégua nem folga, para realizar
essa obra. Azar de quem tem de
acompanhar esse ritmo e dar condições para esse trabalho. Sorte do povo brasileiro, que escolheu um presidente trabalhador para dirigir esta
nação. Portanto, sem mentiras nem
falsidades, vamos deixar o homem
trabalhar... E contribuir para que o
país cresça e se desenvolva, com justiça e eqüidade.
GILBERTO CARVALHO, 55, é o chefe do Gabinete Pessoal
do presidente da República.
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