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O Itamaraty reincide
PELA SEGUNDA vez em dois
anos, o Itamaraty se alinha
a algumas das piores tiranias para aliviar a pressão que
países civilizados tentam exercer sobre o dirigente do Sudão,
Omar al Bashir, por conta do genocídio de Darfur.
Como em 2006, o Brasil se
aliou a nações africanas no Conselho de Direitos Humanos
(CDH) da ONU. Atuou para amenizar o tom das críticas que a
União Européia faria ao Sudão
por não implementar as recomendações do grupo criado pelo
próprio organismo para monitorar os direitos humanos no país.
O governo central de Cartum
(capital do Sudão) é acusado de
apoiar a milícia árabe Janjaweed, que promove assassinatos,
estupros e "limpeza étnica" na
região de Darfur, oeste do Sudão.
Trata-se do pior genocídio em
curso no mundo.
Desde que os conflitos eclodiram, em 2003, entre 200 mil e
400 mil pessoas, na maioria
membros de grupos cristãos e
animistas, já foram mortas, e
mais de 2,5 milhões, obrigadas a
deixar os seus lares.
Depois que a UE fracassou em
seu intento de aprovar uma resolução mais dura, chegou-se à solução de consenso de estender
por mais um ano o mandato da
enviada especial de direitos humanos da ONU ao Sudão, Sima
Samar, mas ela perdeu sua equipe de apoio de sete investigadores especiais, que não tiveram
seus mandatos renovados.
A boa diplomacia reside na difícil arte de equilibrar-se entre o
pragmatismo exigido pelos interesses comerciais e estratégicos
do país e o apego a certos princípios universais. O Brasil deve
manter relações e fazer negócios
com todos os países, independentemente da natureza dos regimes. Mas em fóruns como o
Conselho de Direitos Humanos
não há motivo para afastar-se
tanto da lógica dos princípios.
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