São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2007

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RUY CASTRO

Gatos que brilham

RIO DE JANEIRO - Segundo o noticiário, cientistas sul-coreanos clonaram gatos que sintetizam uma proteína fluorescente e brilham no escuro. Para os ditos cientistas, isso ajudará no tratamento de doenças que os gatos têm em comum com os humanos. A ser verdade, será mais um benefício que o homem, sem merecer, ficará devendo aos gatos.
Resta ver se é verdade. Em 2006, circulou na internet a informação de que uma turma do Massachussetts Institute of Technology, nos EUA, estava produzindo bonsai de gato. Como? Criando filhotes em potes de maionese para controlar seu crescimento. A simples idéia era indigna, absurda e cruel, mas, se vinha do MIT, tinha de ser verdade, não? E havia as fotos para provar. Por sorte, deu-se a grita internacional, e os alunos do MIT admitiram que o bonsai de gato era só um trote de mau gosto.
Agora surgem os gatos fluorescentes, com as indefectíveis fotos. Parecem reais, mas não se pode mais confiar na internet, nem na fotografia. A rigor, já não se pode confiar nem na ciência, capaz de produzir um clone de qualquer ser vivo, indistinto do artigo legítimo.
Talvez se antecipando a isso, meus amigos aqui do Rio, Cida e Bill, ao planejar uma temporada de meses numa aldeia italiana, no ano passado, resolveram levar seu vira-lata Theo. Só não se conformavam com o fato de que, enquanto eles iriam de executiva, o gatinho teria de ser despachado com as malas e viajar 14 horas no bagageiro.
Cida e Bill pensaram melhor. Cida reservou a outra poltrona da executiva para Theo, e Bill, magnânimo, foi se espremer na econômica. A empresa aérea aceitou a troca e Theo comportou-se muito bem. Nem reclamou do cinto. Na verdade, brilhou tanto -sem proteínas fluorescentes- que, durante o vôo, o avião inteiro foi visitá-lo em romaria.


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