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RUY CASTRO
Gatos que brilham
RIO DE JANEIRO - Segundo o
noticiário, cientistas sul-coreanos
clonaram gatos que sintetizam uma
proteína fluorescente e brilham no
escuro. Para os ditos cientistas, isso
ajudará no tratamento de doenças
que os gatos têm em comum com os
humanos. A ser verdade, será mais
um benefício que o homem, sem
merecer, ficará devendo aos gatos.
Resta ver se é verdade. Em 2006,
circulou na internet a informação
de que uma turma do Massachussetts Institute of Technology, nos
EUA, estava produzindo bonsai de
gato. Como? Criando filhotes em
potes de maionese para controlar
seu crescimento. A simples idéia
era indigna, absurda e cruel, mas, se
vinha do MIT, tinha de ser verdade,
não? E havia as fotos para provar.
Por sorte, deu-se a grita internacional, e os alunos do MIT admitiram
que o bonsai de gato era só um trote
de mau gosto.
Agora surgem os gatos fluorescentes, com as indefectíveis fotos.
Parecem reais, mas não se pode
mais confiar na internet, nem na fotografia. A rigor, já não se pode confiar nem na ciência, capaz de produzir um clone de qualquer ser vivo,
indistinto do artigo legítimo.
Talvez se antecipando a isso,
meus amigos aqui do Rio, Cida e
Bill, ao planejar uma temporada de
meses numa aldeia italiana, no ano
passado, resolveram levar seu vira-lata Theo. Só não se conformavam
com o fato de que, enquanto eles
iriam de executiva, o gatinho teria
de ser despachado com as malas e
viajar 14 horas no bagageiro.
Cida e Bill pensaram melhor. Cida reservou a outra poltrona da
executiva para Theo, e Bill, magnânimo, foi se espremer na econômica. A empresa aérea aceitou a troca
e Theo comportou-se muito bem.
Nem reclamou do cinto. Na verdade, brilhou tanto -sem proteínas
fluorescentes- que, durante o
vôo, o avião inteiro foi visitá-lo em
romaria.
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