São Paulo, quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

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Recuperação americana

A economia dos EUA tem dado sinais de que pode estar melhor do que até recentemente supunha a maioria dos analistas.
Depois de um período de fraqueza em meados do ano, quando a economia chegou a crescer ao ritmo de apenas 1% ao ano por alguns meses, trazendo à tona o risco de uma nova recessão, houve uma lenta aceleração no segundo semestre para um patamar próximo a 3%, que parece ter boas chances de se consolidar em 2011.
O fator mais importante a explicar a reversão de tendência é o gradual processo de recomposição da poupança das famílias, que já se aproxima de 6% da renda, quase oito pontos percentuais acima do nível que prevaleceu antes da crise de 2008/2009. Aliada ao crescimento da renda do trabalho, em torno de 4,5% ao ano, esta poupança tem sido suficiente para que as famílias paguem suas dívidas e, ao mesmo tempo, acelerem gradualmente o consumo.
Outro fator relevante é a mudança para melhor na situação das pequenas e médias empresas, que já encontram crédito e começam a contratar. Mantido este processo, espera-se que em 2011 o desemprego na economia comece a cair gradualmente.
Mas a gota d'água para uma mudança mais profunda das expectativas foi o acordo fechado na semana passada entre o governo e as lideranças republicanas para renovar os cortes de impostos da era Bush, que venceriam no final deste ano. O acordo prevê também a extensão por um ano do seguro desemprego e um corte nos encargos sobre a folha de pagamento. Ou seja, mais expansão fiscal.
O contraste com a Europa é marcante: enquanto o velho continente busca restaurar credibilidade com cortes de gastos, os EUA inflam ainda mais sua economia. Está claro que as autoridades do país jamais aceitarão uma recessão imposta por seus credores.
Caso a recuperação se sustente, é previsível, a médio prazo, uma política mais restritiva por parte do Fed (o banco central do país).
Parte da extraordinária liquidez global poderá voltar a ser absorvida pelos EUA. Muitos países emergentes que hoje contam com fluxos aparentemente ilimitados de recursos poderão enfrentar uma situação de menor folga. O Brasil deve se preparar para um cenário global bem diferente nos próximos dois anos.


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