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O SEGUNDO GOLPE
Não é a primeira vez que o presidente do Supremo Tribunal
Federal, Marco Aurélio de Mello,
emite opiniões "em tese" sobre assuntos que, mais à frente, poderá julgar. Desta feita, o ministro opinou
sobre a reforma da Previdência.
Desde já os formuladores do projeto de reforma estejam cientes de que
pelo menos o presidente do STF não
aceitará uma das principais idéias
defendidas pelo ministro da Previdência, Ricardo Berzoini (PT). Trata-se do enfoque que considera como
adquiridos os direitos dos servidores
a uma aposentadoria integral até a
data imediatamente anterior ao início da vigência do novo regime. Após
esse limite, todos estariam sujeitos
às regras do sistema universal de Previdência. Quando fossem aposentar-se, os servidores que tivessem transitado de um modelo a outro fariam
jus a uma parte da aposentadoria pelo antigo sistema. A outra parte estaria sob as regras do novo regime universal, que estabeleceria tetos para os
benefícios.
Para conquistar uma aposentadoria superior a esse teto, aos servidores seria oferecida a oportunidade de
contribuir para fundos de pensão patrocinados pelo poder público.
Essa fórmula é um meio-termo entre a adoção radical de um regime
universal para todos os que estejam
na ativa e a constituição de tal regime
apenas para aqueles que adentrarem
o serviço público após a aprovação
da nova lei. Se for implantada, ela reduzirá a aposentadoria integral do
servidor cujo salário ultrapasse o teto
do novo regime previdenciário na
proporção do tempo que ainda lhe
resta para aposentar-se. Isso caso o
funcionário tenha optado por não
contribuir para um fundo de pensão.
Primeiro foi o presidente Lula que,
admitindo a permanência de um sistema especial para os militares, desferiu o primeiro golpe contra o espírito universal da reforma previdenciária. Agora o presidente do Supremo desfecha o segundo. Com apenas 15 dias de novo governo, as perspectivas de uma mudança relevante
no injusto modelo previdenciário
brasileiro foram turvadas.
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