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POUCO TRABALHO
O resultado negativo do emprego industrial em São Paulo
em 2003 -foram fechadas 1.351 vagas- não deve ser entendido unicamente como fruto de um ano de dificuldades, juros altos e crescimento
praticamente nulo. Certamente o
ambiente restritivo colaborou para o
saldo negativo, mas é preciso considerar que, mesmo num ano ruim,
esse foi o segundo melhor resultado
desde 1995 -ficando atrás apenas
de 2000, quando as contratações superaram as demissões com a criação
de 27.416 vagas.
De 1995 a 2003, foram fechadas 670
mil vagas na indústria de São Paulo.
Quando se observa como essa cifra
se distribuiu ao longo do período,
percebe-se que a grande reestruturação aconteceu de 1995 a 1998. Nessa
quadra, o saldo negativo foi de 539
mil vagas. Não foram, no entanto,
anos recessivos, com exceção de
1998, que terminou com estagnação.
Em 1994, o PIB cresceu 4,2%, mas a
indústria fechou cerca de 143 mil vagas. O que se verificou foi um processo de troca de produção local por importações, estimulado pela taxa de
câmbio, paralelamente a ganhos de
produtividade ocasionados por mudanças tecnológicas e de gestão
-além das terceirizações.
Note-se que, a partir de 1999, quando o câmbio muda, o fechamento de
vagas cai pela metade, sendo que no
ano seguinte, em 2000, a indústria já
emprega mais do que demite. Em
2001 e 2002, anos marcados pelo
"apagão", pela crise argentina e pelas incertezas eleitorais, há nova retração no emprego industrial.
No ano passado, mesmo com o cenário de juros altos, não fossem fatores imprevistos que se concentraram
em dezembro, o comportamento do
emprego na indústria de São Paulo
poderia ter sido estável ou ligeiramente positivo. Era essa, aliás, a expectativa da Fiesp, que se mostra otimista para este 2004.
Observe-se que, além da queda de
dez pontos percentuais na taxa de juros ocorrida no segundo semestre,
as exportações tiveram em 2003 papel relevante para impedir um desastre na indústria. Todavia uma expansão mais consistente, que represente
melhora expressiva no mercado de
trabalho, exigirá novos cortes nos juros e aumento dos investimentos.
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