UOL




São Paulo, domingo, 16 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Sem guerra
"A opinião pública mundial, inclusive a brasileira, tem-se manifestado claramente contra a iminente invasão do Iraque, um país devastado por mais de uma década de bombardeios e de bloqueio econômico. Nesse quadro, seria possível imaginar que boa parte dos grandes meios de comunicação do Brasil se manifestaria de forma forte e inequívoca contra essa covarde agressão e contra a inevitável tragédia humana que seguiria. Apesar disso, o que se viu foram apenas omissões e ambiguidades por parte da nossa imprensa. É necessário neste momento elogiar a atitude da Folha, que, justamente no dia em que o mundo todo decidiu manifestar-se contra a invasão, colocou em sua capa um editorial condenando a atitude norte-americana. Não cabe à imprensa de nenhum país resguardar-se na "neutralidade" noticiosa quando a paz mundial corre tamanho risco. Cabe, sim, denunciar esse risco de forma corajosa, como a Folha fez."
Fabio Meneghetti Chaves (Rio de Janeiro, RJ)

"Hoje é o petróleo do Iraque. Amanhã não será a biodiversidade do Brasil?"
Renildo Marques Machado (São Paulo, SP)

Ambígua sociedade
"As doações e o espírito de colaboração dos brasileiros com a campanha Fome Zero do governo em prol dos menos favorecidos fez-me lembrar de uma outra campanha governamental, de 1964: "Ouro para o Bem do Brasil". Na época, eu tinha dez anos. Minha irmã, que ainda possui o anel de agradecimento, estava com 17. Parentes, amigos e vizinhos doaram correntes, anéis etc. Houve até quem doasse suas alianças de casamento para colaborar com o país. Em troca do patriotismo, receberam um anel de latão com a inscrição "Dei ouro para o Bem do Brasil - 1964". E o que o povo recebeu mesmo foi o regime militar. As novas gerações nem sabem que houve tal campanha há 39 anos. Pelo que tenho visto no comportamento do brasileiro diante do programa Fome Zero, o despojamento continua, mesmo a história mostrando sempre o mesmo resultado e, ainda mais, os governantes se aproveitando da ingenuidade e da credulidade das massas. Mas há uma frase que diz que "a violência é tão própria do ser humano quanto a generosidade fora do comum". A nossa ambígua sociedade está pondo em prática essa grande verdade."
Wilson Roberto Vicente (Santo André, SP)

Grampos
"Na edição de 13/2, Eliane Cantanhêde, no texto "Indecência" (Opinião, pág. A2), sobre os telefones grampeados na Bahia, expressa com razão a indignação devido à ausência de reação capaz de impedir que tais coisas aconteçam. É um caso de polícia -perpetrado pela própria polícia e com a conivência de um(a) juiz(a). Se por um lado parece que o governo não quer CPI, pois poderia trombar -de novo- com ACM, por outro noticia-se que o Ministro da Justiça já estaria formando comissão de juristas para alterar a legislação. Nem tanto lá, nem tanto cá. Se a polícia baiana andou servindo a algum interesse escuso e não encontrou nenhum crivo no Poder Judiciário, cada uma das autoridades envolvidas deve ser submetida às sanções legais. Mais uma vez o problema real foge do foco. Se a escuta foi autorizada em inquérito policial -que, ao que parece, só tramitou entre a polícia e o juiz, não tendo havido intervenção do Ministério Público-, está a demonstrar que é a investigação que está sendo mal conduzida. Receio que "juristas" venham a inviabilizar a quebra de sigilo telefônico, ou a escuta corretamente autorizada, instrumentos no combate do crime organizado, enquanto a investigação criminal vai continuar sendo maltratada. Sob o manto das "boas intenções" já passou a lei do foro privilegiado. Agora vão deixar mais inviável ainda qualquer possibilidade de investigação criminal."
Ana Lúcia Amaral, procuradora-regional da República (São Paulo, SP)

As doenças e o déficit
"Com as polêmicas discussões sobre mudanças na Previdência Social, este é um momento oportuno para tratar da questão dos afastamentos do trabalho por doenças e por acidentes diversos. Milhares desses afastamentos que poderiam ser de curta duração transformam-se em benefícios longos e até mesmo em aposentadorias precoces, colaborando para o tal déficit da instituição. Na retaguarda dessa caótica situação estão algumas variáveis: a inexistência de um programa de educação continuada direcionado à prevenção dos acidentes, principalmente os de trabalho e de trânsito; a crônica e complexa deficiência do SUS para recuperar o trabalhador doente ou acidentado; a inoperância do Programa de Reabilitação Profissional da Previdência Social, que poderia, em sintonia fina com o empregador, agilizar o retorno do segurado recuperado ao trabalho; e, por último, o complexo equacionamento das múltiplas variáveis que definem a capacidade de trabalho de um indivíduo."
Paulo Vieira, médico perito da Previdência Social (Rio do Sul, SC)

Indenizações
"Gostaria de parabenizar Elio Gaspari pelo artigo "Depois da esquerda festiva, a aposentada" (Brasil, pág. A9, 12/2). Espero que continue abordando temas dessa natureza, pois, insistindo na demonstração das injustiças existentes no país, alguém há de nos ouvir. Realmente são uma vergonha as indenizações e aposentadorias pagas àqueles que um dia agiram contra os interesses da nação graças a ideologias comunistas. Pessoas que, em vez de trabalharem para o bem do país, preferiram atividades nefastas à nação e, por incrível que pareça, hoje "mamam nas tetas do governo" sem nada produzir."
Romeu Bonini (Sertãozinho, SP)

Blindados
"Brilhante o texto "Carros blindados e miséria", de dom Mauro Morelli ("Tendências/Debates", pág. A3, 14/02). Diz uma conhecida canção nordestina: "Seu doutor, uma esmola, para um homem que é são, ou lhe mata de vergonha, ou vicia o cidadão". Há quem acredite que os pobres são os responsáveis por sua própria pobreza, pela concentração da renda e os geradores da violência. Aos ministros que não conseguem ultrapassar o mundo das aparências, recomendo que ouçam Luiz Gonzaga."
Felipe Luiz Gomes e Silva (São Carlos, SP)

Litoral norte
"Venho por meio desta solicitar que seja feito um trabalho de divulgação para mostrar o estado de abandono em que se encontra o litoral norte do Estado de São Paulo, principalmente quanto à poluição. A rede de esgoto da praia do Lázaro ainda não foi concluída pelo governo do Estado. Quando o governador Mário Covas foi reeleito, todo o projeto de saneamento foi abandonado, e a região ficou ainda em piores condições do que anteriormente. Aquela é uma região de rara beleza natural, mas vive no abandono total por parte da prefeitura e também do Estado. Tenho certeza de que somente a imprensa poderá salvar o litoral norte."
Ivajar do Nascimento (Campinas, SP)



Texto Anterior: Marcio Pochmann: O futuro de uma indiazinha

Próximo Texto: Erramos
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.