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CARLOS HEITOR CONY
Protestos e confrontos
RIO DE JANEIRO - Impressionantes as imagens que nos chegaram da Espanha, com multidões nas ruas condenando atos terroristas em geral e
em particular o atentado da semana
passada.
Não se podem considerar inúteis
tais e tamanhas concentrações, mas,
em certo sentido, não deixam de ser
ociosas. O terrorismo, na Espanha ou
em qualquer parte, é produzido por
grupos radicais que abraçam uma
causa e a resolvem impor aos demais
de forma violenta e covarde.
Esses elementos obviamente não
participam das concentrações nem se
comovem com elas. São incentivados
a provocar manifestações maiores. Se
aumentarem o terror, aumentarão
as concentrações e os protestos, que
mais cedo ou mais tarde obrigarão os
governos a ceder à chantagem.
Na crônica de ontem, lamentei que
o combate ao terror se processe por
meios militares e meramente policiais, que são necessários, sem dúvida, na prevenção de novas chacinas,
mas não resolvem estruturalmente o
problema, acima de tudo político.
Toda vez que ocorre um atentado
terrorista, as autoridades declaram
enfaticamente que não negociarão
com os bandidos. Quando se trata de
crimes comuns, sem conotação política ou social, compreende-se que não
haja negociação possível com os criminosos -só apuração e punição.
Mas o terror provocado por causas
políticas, religiosas ou sociais, embora igualmente condenável, deve ser
negociado, apelando-se para a guerra somente quando se esgotam todas
as possibilidades de um acordo. Daí
que a guerra seja a continuação da
política por outros modos.
Na questão que envolve a atual crise entre árabes e judeus, por exemplo,
as negociações são pífias e tecnicamente impraticáveis, pelo menos até
agora. Nas desavenças com o mundo
islâmico, que envolvem raça, territórios, religião e petróleo, estamos longe de uma solução política, restando-nos apenas a sangrenta solução do
confronto.
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