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ELIANE CANTANHÊDE
O anti-Lula
BRASÍLIA - Sem discursos e anúncios bombásticos, e com as denúncias que
não param de surgir contra Palocci
(o santo do pau oco, principal pilar
do seu governo), Lula deveria no mínimo estacionar nas pesquisas. Mas a
CNI-Ibope de ontem manteve a tendência de alta, e os novos fatos políticos têm sido a seu favor.
Alckmin é vendido como o "novo",
que tem tudo para crescer e derrotar
Lula com o seu jeito certinho, eficiente, professoral. Mas, na prática, nua e
crua, Serra tinha mais votos e empatava com Lula. Alckmin vai ter de
suar muito para queimar 24 pontos
atrás e chegar ao início do horário de
TV em pé de igualdade com Lula.
E o PMDB governista dá motivos
para festa no Planalto: numa "jogada ensaiada", segundo o governador
e pré-candidato Germano Rigotto
(RS), a turma acertou com o Supremo jogar as prévias para depois da
decisão do Tribunal sobre verticalização, e essa decisão só será depois de
31 de março. Tudo pronto para enterrar as prévias, Garotinho e Rigotto.
Com isso, o PMDB e o Supremo tiram da frente o fator Garotinho e dificultam o segundo turno. Sem ele e
sem Enéas (que estaria doente), a
campanha pode ficar resumida a Lula e Alckmin, mais Heloísa Helena e
três pequenos candidatos, um do
PDT, outro do PPS e o tal do Eymael.
Eis o pavor de FHC e do PFL: cheira a
primeiro turno e favorece o candidato à reeleição, com o pé no palanque e
a mão na caneta. Como em 98.
Lula, pois, é um candidato curioso:
deixou de ser o mito de 2002 e construirá seus palanques sobre os escombros de seus dois pilares (Dirceu e Palocci), sob a fumaça do seu partido
(PT), fustigado por denúncias e com
crescimento econômico haitiano.
Mas com chances reais de vitória.
Alckmin será muito pressionado a
mostrar rapidamente a que veio, porque a oposição começa a fazer um
discurso estranho, de descrédito: o de
que o anti-Lula é o próprio Lula -ou
a sua corrosão. Depois disso, só vai
faltar uma tática: rezar.
@ - elianec@uol.com.br
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