São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2011

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FERNANDO RODRIGUES

Pequeno, porém desunido

BRASÍLIA - Ao terminar seu discurso depois de ser aclamado presidente para renovar o Democratas, o senador José Agripino, de 65 anos, do Rio Grande do Norte, disse: "Talentos, nós temos. Ideias, nós temos. Agora, vamos à luta".
Como o DEM só definhou nas últimas eleições, fica a dúvida sobre o paradeiro dessas ditas ideias e talentos na última década.
A frase de Agripino acabou festejada no Twitter oficial do DEM. Contrastava com a melancolia da convenção de ontem dessa legenda que um dia já foi a maior do Congresso. O encontro, aliás, ocorreu no mesmo hotel em Brasília no qual foi anunciado em 2010 o nome do demista Índio da Costa como candidato a vice-presidente na chapa de José Serra, do PSDB.
A derrocada do DEM é só mais um sintoma de uma certa falência múltipla de partidos no Brasil. É comum os dirigentes dessas siglas atribuírem seus fracassos ao modelo político-eleitoral do país ou ao estado de abulia atávica dos cidadãos. Desculpas esfarrapadas.
O DEM (ex-PFL, ex-PDS e ex-Arena) era uma potência há dez anos. Agora, parece um paciente terminal. A convenção foi menos para eleger um novo presidente e mais para explicitar o racha entre seus caciques. Nascido na direita, o partido mimetiza a anedota sobre os antigos grupelhos de esquerda: pequenos, porém desunidos.
Gilberto Kassab, estrela demista e prefeito de São Paulo, faltou. Está trabalhando na criação de um novo partido para o qual pretende levar vários de seus colegas do DEM.
Seria um exagero dizer que o DEM está morto e a convenção de ontem foi uma missa de corpo presente, como filiados ao próprio partido sussurravam. José Agripino é um político experiente. Mas precisa definir a jato qual é o público preferencial da legenda e tentar formas de conexão real com esse eleitorado. Escrever no Twitter o dia inteiro, como parece ser o caso de alguns demistas hoje, é muito pouco.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br


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