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CLÓVIS ROSSI
Clubinho Brasil
SÃO PAULO - Era uma vez Itamar Franco, que não amava Fernando
Collor de Mello, mas a ele aliou-se
para derrotarem juntos Luiz Inácio
Lula da Silva, que odiava Fernando
Collor e não amava Itamar Franco,
até porque não amava ninguém a
não ser ele próprio.
Era uma outra vez Itamar Franco,
que passou a odiar Fernando Collor
a ponto de romper com ele, mas sem
reatar com Luiz Inácio Lula da Silva,
que vingou-se de Fernando Collor
juntando-se a tantos que antes desprezava para liderarem o processo de
impeachment.
Era uma terceira vez Itamar Franco, que ungiu Fernando Henrique
Cardoso ministro da Fazenda, fabricando sem o saber (ah, como os presidentes sabem pouco) o futuro presidente, que Lula odiaria.
Era uma quarta vez Itamar Franco,
que aceitou ser embaixador de Fernando Henrique Cardoso, que ele às
vezes amava, outras odiava e com o
qual vivia entre tapas e beijos até algo parecido com o rompimento.
Era uma quinta vez Itamar Franco,
aquele que silenciou quando Fernando Collor usou na TV o caso da filha
de Lula fora do casamento, mas que
acabou aliando-se a Lula, finalmente
presidente, que o nomeou embaixador, tal como o fizera Fernando Henrique Cardoso, que, no entanto, legara a Lula uma "herança maldita", segundo José Dirceu, que também não
ama ninguém, a não ser ele próprio e
seu projeto de poder, que foi seriamente avariado, talvez destruído, por
Roberto Jefferson, que era da tropa de
choque de Fernando Collor, passou à
tropa de choque de Lula e, por fim,
detonou com um grito de "sai daí" o
Zé desta história.
Era uma vez, por fim, o Zé desta
história, agora chamado de chefe de
quadrilha pelo procurador-geral da
República, que vai de jatinho particular a Juiz de Fora para, segundo alguns colunistas, convidar Itamar
Franco para ser vice de Lula, como
fora de Collor, com o que se encontram o começo e o fim da quadrilha
(no sentido Drummond).
@ - crossi@uol.com.br
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