São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2008

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Estatais do protesto

ABRIL JÁ entrou para o calendário nacional como o mês em que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e grupos correlatos lançam sua onda de invasões.
A pretexto de protestar contra a política de reforma agrária e contra a impunidade no massacre de Eldorado dos Carajás -a morte de 19 pessoas pela PM do Pará, em 17 de abril de 1996-, grupos de sem-terra dão-se o direito de tomar fazendas, prédios públicos, fechar estradas e depredar propriedade alheia.
Que militantes raivosos, dispostos a derrubar o capitalismo, perpetrem atos desse calibre, embora lamentável, é até esperado. O que não se pode admitir é que o governo federal não apenas tolere esse comportamento como ainda ajude a financiá-lo.
Líderes do MST e congêneres se tornaram verdadeiros profissionais do protesto, a expensas públicas. Três das maiores entidades ligadas ao movimento sem terra, calcula a ONG Contas Abertas, foram agraciadas com R$ 39 milhões em dinheiro do contribuinte no primeiro mandato petista -quatro vezes mais que na segunda gestão de FHC.
Isso sem mencionar os empréstimos subsidiados que o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) faz a assentados -e com os quais eles pagam o seu "dízimo" ao movimento. Os mecanismos de financiamento são azeitados pelos vários dirigentes dos sem-terra que assumiram postos na burocracia de ministérios e órgãos como o Incra.
Essa espiral de aparelhamento tem como contrapartida uma escalada nos protestos. Centros de pesquisa de empresas e até o Congresso Nacional tornaram-se alvos de depredação. A pretexto de anular a privatização da Vale, grupelhos agora ameaçam sabotar a companhia.
Toda essa truculência é custeada pelo erário, com o beneplácito ostensivo do governo Lula.


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