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São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Barafunda

BRASÍLIA - Rebelião no PT e especificamente no PT do Senado, ontem, por causa do Babá, da Heloísa Helena e da Luciana Genro. A cúpula do partido quer cassá-los por dizerem tudo aquilo que a cúpula do partido dizia durante anos. Aliás, que Lula também dizia.
Saia justa no PFL. ACM e companhia adorando a idéia de almoçar com Lula, e o presidente Bornhausen tentando manter uma certa compostura: oposição senta e discute pragmaticamente em gabinetes, não faz festinhas com governos.
PSDB sem saída. Conversa Lula-tucanos chega a ficar engraçada. Partido tem de fazer discurso e pose de oposição, mas não tem como justificar posição contra e principalmente voto contra as reformas. Seria o criador contra a criatura.
PMDB patinando onde está há décadas, na crise ser-ou-não-ser-governo, enquanto dois terços (numa contabilidade modesta) mantêm os cargos atuais e trabalham desesperadamente por novos. E mais quentes.
Na situação, PDT e PC do B falam mais contra as reformas da Previdência e tributária do que PSDB e PFL na oposição. Enquanto PPS fala a favor dessas reformas, mas vive dando estocadas em todo o resto. No funcionamento do governo, por exemplo.
PL e PTB ficam quietinhos, só colhendo os louros da fidelidade ao Planalto. Como "louros" entendam-se os espertos dos partidos ditos de oposição e que estão loucos para aderir. O sujeito é tucano ou pefelista, o governismo começa a coçar e ele se muda -para PL e PTB, já que o PT continua mais cheio de dedos. Por enquanto, pelo menos.
No meio da barafunda, Lula às vezes se parece com Cristo na Santa Ceia, às vezes se confunde com a Mona Lisa. E fala, fala, fala. Enquanto José Dirceu vai à luta por votos e para cargos. E opera, opera, opera.
Daí por que esse troca-troca infernal de partido. O sujeito é de direita, adere ao governo de esquerda e fica por isso mesmo. O eleitor mal fica sabendo. Talvez nem se surpreenda.
E a reforma política? Todo mundo quer, mas só da boca para fora.


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