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ELIANE CANTANHÊDE
Barafunda
BRASÍLIA - Rebelião no PT e especificamente no PT do Senado, ontem,
por causa do Babá, da Heloísa Helena e da Luciana Genro. A cúpula do
partido quer cassá-los por dizerem
tudo aquilo que a cúpula do partido
dizia durante anos. Aliás, que Lula
também dizia.
Saia justa no PFL. ACM e companhia adorando a idéia de almoçar
com Lula, e o presidente Bornhausen
tentando manter uma certa compostura: oposição senta e discute pragmaticamente em gabinetes, não faz
festinhas com governos.
PSDB sem saída. Conversa Lula-tucanos chega a ficar engraçada. Partido tem de fazer discurso e pose de
oposição, mas não tem como justificar posição contra e principalmente
voto contra as reformas. Seria o criador contra a criatura.
PMDB patinando onde está há décadas, na crise ser-ou-não-ser-governo, enquanto dois terços (numa contabilidade modesta) mantêm os cargos atuais e trabalham desesperadamente por novos. E mais quentes.
Na situação, PDT e PC do B falam
mais contra as reformas da Previdência e tributária do que PSDB e PFL
na oposição. Enquanto PPS fala a favor dessas reformas, mas vive dando
estocadas em todo o resto. No funcionamento do governo, por exemplo.
PL e PTB ficam quietinhos, só colhendo os louros da fidelidade ao Planalto. Como "louros" entendam-se os
espertos dos partidos ditos de oposição e que estão loucos para aderir. O
sujeito é tucano ou pefelista, o governismo começa a coçar e ele se muda
-para PL e PTB, já que o PT continua mais cheio de dedos. Por enquanto, pelo menos.
No meio da barafunda, Lula às vezes se parece com Cristo na Santa
Ceia, às vezes se confunde com a Mona Lisa. E fala, fala, fala. Enquanto
José Dirceu vai à luta por votos e para
cargos. E opera, opera, opera.
Daí por que esse troca-troca infernal de partido. O sujeito é de direita,
adere ao governo de esquerda e fica
por isso mesmo. O eleitor mal fica sabendo. Talvez nem se surpreenda.
E a reforma política? Todo mundo
quer, mas só da boca para fora.
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