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TENDÊNCIAS/DEBATES
Passo firme rumo à educação de qualidade
MARIA HELENA GUIMARÃES DE CASTRO
O novo índice de qualidade oferece um diagnóstico
de cada escola e permite
que a evolução dos alunos seja acompanhada
SÃO PAULO está dando mais um
importante passo em relação ao
acesso de crianças e jovens à escola, o governo do Estado passou a
buscar incessantemente a melhoria
de qualidade e uma maior eqüidade
do sistema.
Nova proposta curricular, programa especial de alfabetização, reformulação do sistema de avaliação, recuperação intensiva, diversificação
curricular do ensino médio, materiais
de apoio a professores e alunos, inovações tecnológicas, valorização dos
professores, melhoria da infra-estrutura das escolas, seleção de 12 mil
coordenadores pedagógicos, enfim,
um conjunto de ações foi desencadeado para melhorar a aprendizagem.
Agora um novo passo é dado. A Secretaria de Estado da Educação de
São Paulo lançou ontem o Programa
de Qualidade da Escola, com o Índice
de Desenvolvimento da Educação de
São Paulo, o Idesp, definindo metas a
serem alcançadas, ano a ano, pelas escolas da rede.
O Idesp chega para ser um indicador de qualidade e promover a eqüidade educacional das escolas, abrangendo os 5 milhões de alunos da rede
estadual, nas 645 cidades paulistas.
Mostra a situação atual de 5.183 escolas, de acordo com cada ciclo, nas
séries iniciais (1ª a 4ª) e finais (5ª a 8ª)
do ensino fundamental e no ensino
médio. Considera dois quesitos: desempenho e fluxo escolar. Com variação de 0 a 10, permite a comparação a
longo prazo. Especificamente, visa
garantir que todos os alunos dominem de maneira satisfatória competências e habilidades para a série escolar que se encontram e concluam os
ensinos fundamental e médio no
tempo adequado.
O novo índice de qualidade oferece
um diagnóstico de cada escola, a partir de hoje, e permite que professores,
gestores escolares, pais e mães de alunos e comunidade acompanhem a
evolução dos alunos.
Criar um indicador sintético que
dialogue com a diversidade das escolas da rede estadual só foi possível devido à adoção de um padrão comparativo que levou em conta o cruzamento das taxas líquidas de aprovação em
cada ciclo com os níveis de aprendizagem dos alunos medidos pelo Saresp
(Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo),
uma prova de língua portuguesa e
matemática para estudantes da rede
que cursam, entre outras, as séries finais dos ciclos.
O Idesp estabelece metas por disciplina e por ciclo. Isso por que a situação dos estudantes da rede estadual
paulista não é homogênea, conforme
demonstrou o Saresp 2007. Além disso, em uma mesma disciplina a porcentagem de alunos proficientes se
reduz em níveis mais elevados ao longo do processo educacional, tendência também observada em todo o país.
Com base no Idesp, será possível a
cada escola aprimorar seu projeto pedagógico, considerar que alunos diferentes precisam de apoio e/ou desafios diferentes, reconhecer e valorizar
cada vez mais a importância do trabalho dos professores.
Queremos que as nossas escolas
cheguem ao nível indicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), um
elevado padrão de qualidade.
O trabalho é árduo e longo, exige
continuidade de ações e compromisso com políticas de longo tempo. Em
educação não há trabalho fácil e com
resultados em curto prazo.
Falamos em melhorias em pouco
mais de duas décadas. Prazo curto
diante do trabalho e do esforço a serem realizados para que um percentual tão alto possa ser atingido em
uma rede tão grande e complexa.
Daí a preocupação do governo do
Estado em envolver todos os atores
do processo educacional, pais, educadores e gestores públicos, em esforço
que certamente é válido, sobretudo
diante do salto de qualidade que há
muito São Paulo faz por merecer.
Por meio de um boletim, levamos a
todas escolas sua posição no Idesp e,
sobretudo, a meta a ser atingida no intervalo 2008-2009 e uma projeção a
cada ano, em, por exemplo, 2015,
2022, 2026...
A secretaria coloca à disposição em
seu site (www.educacao.sp.gov.br)
a consulta aos indicadores e às metas,
por escola. Desejamos que nasça um
diálogo acerca da responsabilidade
compartilhada entre educador e família em torno da importância da
educação, que, da cobrança por uma
escola melhor, surja a melhoria da
qualidade e da eqüidade da educação.
MARIA HELENA GUIMARÃES DE CASTRO, 61, professora da Unicamp (licenciada), é secretária da Educação do
Estado de São Paulo. Foi secretária-executiva do Ministério da Educação (2002) e presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) entre 1995 e
2002.
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