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PAINEL DO LEITOR
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Marina Silva
"No mundo encantado do poder,
ocupado por ex-subversivos e ex-torturados, hoje bochechudos, rosados e de cabelos bem arranjados,
o único papel que caberia a uma
mulatinha magrinha, que jamais
aceitou abandonar suas origens, seria o de servente. Ela não topou."
STALIMIR VIEIRA (São Paulo, SP)
"Marina Silva é heroína que o governo Lula não merece.
Sua saída é um grito contra um
governo que não cumpriu sua promessa ambiental e cedeu às pressões das multinacionais e dos ricos
fazendeiros . É um protesto contra
ministros que querem camuflar
suas incompetências.
A produção agrícola deve (e pode)
aumentar pelo melhoramento da
produtividade de culturas por hectare, e não pela invasão de áreas de
preservação ambiental e pelo desmatamento de florestas."
NAGIB NASSAR, professor titular de genética da
Universidade de Brasília (Brasília, DF)
"Se dividíssemos o Brasil em duas
metades, Marina Silva seria ideal
para gerir a parte norte -principalmente para defender a Amazônia,
como todos somos a favor.
Mas, ao sul dessa linha imaginária, o ideal seria que tivéssemos outro ministro, antenado com o século 21, isto é, ligado racionalmente ao
agronegócio, do qual dependem o
Brasil e o mundo em relação à produção de alimentos.
Resta aos brasileiros torcer para
que apareça um grande maestro capaz de reger com precisão e determinação a consciência dos músicos
desta grande orquestra rural para
que se plante o apropriado sem danificar o ambiente natural do país."
ANA ROSA BELLODI (Jaboticabal, SP)
Educação
"O Índice de Desenvolvimento da
Educação de São Paulo, publicado
ontem ("Escolas de SP terão meta
de desempenho individual", Cotidiano), demonstra que, em uma escala de 0 a 10, as escolas de 1ª a 4ª séries têm índice de 3,23. Nas escolas
de 5ª a 8ª séries, o índice é de 2,54,
enquanto nas escolas de ensino médio o índice é de 1,41.
Este levantamento, feito com base no último Saresp, confirma que a
educação pública em nosso Estado
é uma tragédia.
A centralização da educação pública é a grande causa da tragédia
educacional paulista.
A Secretaria de Estado da Educação não tem nem nunca terá condições de gerenciar, com competência e eficácia, um universo de cerca
de 5.500 escolas e 300.000 servidores. Hoje, a secretaria é uma indomável aberração monstruosa: um
enorme corpo com uma cabeça
minúscula.
A solução é a completa municipalização da educação básica, desde a
educação infantil até o ensino médio. O governo municipal cuidaria
de toda a educação básica, e o governo estadual daria o devido suporte
financeiro e logístico.
É óbvio que o prefeito conhece
melhor que o governador os problemas de sua própria cidade."
AFONSO AVENA (São Paulo, SP)
Cotas
"Não é possível concordar com a
idéia de que "o Brasil não é uma nação racista", conforme diz o manifesto anticotas. Afinal, a renda dos
brasileiros tende a estar relacionada à cor de sua pele, como se pôde
constatar pela reportagem "País terá mais negros que brancos neste
ano" (Cotidiano, 14/ 5).
Diante disso, só me resta engrossar a lista das pessoas favoráveis às
políticas de ações afirmativas no
país, com a esperança de que 2040,
ocasião em que se projeta a equiparação de renda entre brancos e negros, não esteja tão longe."
FELIPE FANUEL XAVIER RODRIGUES, estudante da
Uerj (Rio de Janeiro, RJ)
"Constitucionalizar uma política
de cotas hoje seria grande equívoco
da sociedade brasileira. Tratar os
desiguais na medida de suas desigualdades só é permitido democraticamente nos casos expressamente autorizados pela Constituição, de
forma que seria necessária uma revisão do texto constitucional.
Movimentos sociais que defendem as cotas acusam os opositores
de elite intelectual branca, ignorando o arcaísmo e o tom preconceituoso da afirmativa, pois admitem
assim que entre os intelectuais não
há negros. A elite hoje, diferentemente da de épocas anteriores, não
é a que possui terras, mas aquela
que pensa a realidade com base crítica, sem ressentimentos.
Há, sim, desigualdades históricas,
que perduram, mas que precisam
de ações que não invalidem o princípio básico de isonomia."
FERNANDA GAIOTTO MACHADO (São Paulo, SP)
Universal
"Em nome da Confederação Nacional das Igrejas Evangélicas do
Brasil, gostaria de afirmar que a comunidade evangélica do país não
apóia ação movida pela Iurd contra
a Folha ("Igreja Universal pede indenização na Justiça contra colunista da Folha", Brasil, 14/5).
Nós, evangélicos, temos plena
convicção de que hoje no Brasil se
vive plena democracia e sólido Estado de Direito.
O artigo do jornalista Fernando
de Barros e Silva em nada maculou
ou ofendeu a Universal, não feriu a
honra de ninguém e muito menos
"desnaturou" o papel da Iurd como
entidade religiosa.
O direito de livre expressão no
país deve ser cuidado e respeitado.
Não apoiamos este tipo de ação
contra jornal ou jornalista, pois a
Constituição lhes assegura este direito. O artigo do jornalista não
transmitiu falsa impressão da realidade da Iurd."
CLAUDIO GERIBELLO, presidente da Confederação
Nacional das Igrejas Evangélicas do Brasil (São
Paulo, SP)
Botocudos
"O leitor Antônio Luís Neves
("Painel do Leitor", 14/5) questionou o uso da varíola como arma biológica pelos portugueses, tal como
descrito no nosso artigo "200 anos
de guerra contra os botocudos"
("Tendências/Debates", 13/5).
O conhecimento do vírus da varíola não era necessário para saber,
por experiência, que a doença é altamente contagiosa. Assim, bastava
distribuir para os índios roupas e
cobertores previamente usados por
pacientes ou contaminados com secreções das feridas. Lembremos
que a vacina contra a varíola foi desenvolvida em 1796, por Jenner,
sem saber nada do vírus.
O historiador Luiz Felipe de
Alencastro sugere que a varíola já
teria sido usada pelos portugueses
no século 17 contra os goitacazes da
região de Campos (RJ). Outros propõem que a sua primeira utilização
tenha sido ainda mais antiga, no Rio
de Janeiro, em 1575, para exterminar os tamoios que ocupavam a lagoa Rodrigo de Freitas.
Em suma, todo o conhecimento
necessário para a utilização da varíola como arma já estava disponível muito antes de 1808, quando foi
deflagrada a guerra contra os índios
botocudos."
SÉRGIO DANILO PENA, professor do Departamento
de Bioquímica e Imunologia da UFMG, e REGINA
HORTA DUARTE, professora do Departamento
de História da UFMG (Belo Horizonte, MG)
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