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ALBA ZALUAR
Proibição
custosa
DE 1920 A 1933, uma emenda
à Constituição instituiu a
proibição da produção, do
transporte e do comércio de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos.
Inicialmente, essa medida contou
com grande apoio da população, já
então preocupada com o aumento
da criminalidade urbana, da violência doméstica e da promiscuidade que mobilizavam os cruzados
da moralidade.
Os efeitos da proibição, porém,
foram o súbito aumento da taxa de
homicídio e, como a eficácia da
proibição depende do vigor com
que a proibição é imposta, o aumento dos custos per capita decorrentes dessa política. Tanto os homicídios quanto os custos tiveram
taxas altas em todo o período da
proibição e baixa nos anos subseqüentes à sua supressão, em 1933.
A mesma coincidência entre o
crescimento da taxa de homicídio e
os custos da proibição volta a ser
observada a partir de 1970, quando
a proibição às drogas ilegais passa a
ser implementada com vigor. O
custo da repressão cresce dez vezes
nos Estados Unidos entre 1970 e
1990; a taxa de homicídio mais do
que dobra entre 1965 e 1990, passando de quatro para dez mortes
por cada 100 mil habitantes.
Há uma dinâmica perversa nisso. Quanto mais severas as restrições, maior o mercado negro, no
qual não há controle de qualidade
nem a possibilidade de garantir direitos de propriedade por meios legais. Isso aumenta tanto o uso da
violência para resolver disputas
quanto a corrupção da polícia.
O preço alto da mercadoria é outra motivação para crimes contra a
propriedade cometidos pelos
usuários adictos ou pelos candidatos a traficantes que querem formar capital.
Os efeitos do uso sobre a saúde
da população usuária não são conclusivos. Após o fim da proibição, o
consumo do álcool aumentou, mas
a cirrose hepática não acompanhou os dados sobre o consumo ao
longo dos mesmos anos.
Recentemente, pesquisadores
da Faculdade de Medicina da Universidade Yale (EUA) fizeram uma
revisão das pesquisas científicas
relacionadas ao uso da maconha.
Embora não tenham encontrado
dados conclusivos sobre a obstrução do fluxo de ar durante a ingestão a curto prazo, afirmaram que
"fumar maconha por longo tempo
está associado a sintomas respiratórios aumentados, sugestivos de
doença pulmonar obstrutiva".
As boas notícias vêm das pesquisas em neurobiologia, que avançaram muito nos últimos anos, especialmente sobre a ínsula, parte do
cérebro que controla emoções, a
conexão entre corpo e mente e a toxicodependência.
Qualquer programa de prevenção, mais barato que a repressão,
tem que levar em conta tanto as velhas más notícias quanto as boas
novas.
ALBA ZALUAR escreve às segundas-feiras nesta
coluna.
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